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Trump exalta soberania americana e ataca práticas comerciais da China

No segundo discurso feito pelo presidente dos EUA na assembleia-geral das Nações Unidas, Donald Trump surgiu mais comedido do que há um ano, ainda assim, num registo peculiar apontou baterias à China, Irão e Venezuela.

Reuters
David Santiago dsantiago@negocios.pt 25 de Setembro de 2018 às 16:20
Foi a reiterar que os "interesses americanos" serão sempre postos em primeiro lugar que Donald Trump começou o segundo discurso feito na assembleia-geral das Nações Unidas desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos. Mesmo que num registo menos controverso e polarizador do que há um ano, a intervenção de Trump não deixou de marcar pela diferença face aos restantes líderes mundiais, mais constrangidos pelas regras democráticas não escritas. 

O início do discurso foi marcado pela exaltação do princípio "América Primeiro" e respectivo nacionalismo, com Donald Trump a garantir que colocará os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar, avisando que com a sua administração serão rejeitados os valores do globalismo multilateralista em detrimento do interesse americano. "A América é governada pelos americanos", atirou.

Foi nesta linha de raciocínio que Trump passou depois ao ataque contra a China, com quem os Estados Unidos mantêm uma disputa comercial já consubstanciada no agravar das taxas aduaneiras mutuamente aplicadas às respectivas importações. Trump criticou as regras actuais da Organização Mundial do Comércio (OMC), defendendo que promovem "distorções de mercado" e uma concorrência desleal por parte de países que têm planos estatais de desenvolvimento empresarial, uma crítica claramente dirigida a Pequim. Já numa alusão directa às práticas de Pequim no que toca ao desrepeito da propriedade intelectual, Trump avisou que "não vamos continuar a tolerar tais abusos".

"Não vão mais continuar a aproveitar-se dos EUA", prosseguiu Trump afiançando que não vai permitir que os trabalhadores americanos continuem a ser as vítimas de um sistema comercial mundial injusto.

"Estamos sistematicamente a renegociar acordos comerciais maus e ultrapassados", acrescentou notando, numa referência indirecta à União Europeia que quer promover mudanças na OMC, haver já vontade internacional para reformar aquela organização multilateral. Regressando ao "América Primeiro" e à apologia do proteccionismo das suas políticas, Trump disse ter "grande respeito e admiração" pelo seu congénere chinês, Xi Jinping, porém insiste que "a América vai sempre agir em função dos nossos interesses nacionais". Nesta altura, estão em vigor tarifas aduaneiras reforçadas sobre importações oriundas da China no valor de 250 mil milhões de dólares. Trump estendeu a crítica do aproveitamento à OPEP, cartel que acusa de se aproveitar dos Estados Unidos.

O residente na Casa Branca continuou anunciando medidas que reforçam uma América mais voltada para si própria. Trump anunciou que doravante os EUA vão somente fornecer ajuda humanitária aos países considerados "amigos", revelando que o seu secretário de Estado, Mike Pompeo, tem indicações para rever todos os países apoiados por Washington.

Por outro lado, o líder norte-americano declarou que os EUA não farão parte do pacto para as migrações em negociações no quadro da ONU. Trump considera que a crise migratória a uma escala global só será resolvida tornando cada um dos países "great again" (grande outra vez). 


Trump agradece "coragem" de Kim e crítica "regime corrupto" do Irão


Depois das duras críticas há um ano dirigidas, neste mesmo palco, ao líder do regime ditatorial norte-coreano, Kim Jong-un, o presidente dos EUA fez agora referência às "medidas encorajadoras" demonstradas por Pyongyang na cimeira bilateral com a Coreia do Sul que decorreu na semana passada e que consagrou a promessa de desmantelamento de uma importante infra-estrutura nuclear. Trump chegou mesmo a agradecer a Kim Jong-un a sua "coragem". 

Se houve elogios para a Coreia do Norte, para o Irão Trump guardou as críticas mais contundentes, apelidando o regime iraniano de "corrupto", por canalizar recursos do país em benefício das elites. E avisou as autoridades de Teerão de que se não mudarem de atitude e "tom" em relação a ele próprio, não se reunirá com dirigentes daquele país. Recorde-se que Trump rasgou o acordo sobre o nuclear iraniano assinado pelo seu antecessor, Barack Obama, em 2015, reinstituindo sanções financeiras contra o Irão.  

(Notícia actualizada às 17:15)
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