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Trump é contrariado pelo secretário da Defesa e fica mais isolado no divisionismo

O secretário da Defesa contrariou Trump na intenção de recorrer ao exército para controlar as manifestações contra o racismo e a violência policial. Em contraponto com o atual presidente, Obama divulgou mensagem de esperança e de unidade.

04 de Junho de 2020 às 13:48
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A atitude de Donald Trump na gestão dos protestos que há mais de uma semana decorrem nos Estados Unidos tem motivado diversas críticas, porém agora a reprovação vem mesmo dos elementos que integram a atual administração norte-americana. Contrastando com o divisionismo do presidente americano, Barack Obama gravou um vídeo com uma mensagem unificadora e de esperança.

Esta quarta-feira, o secretário da Defesa, Mark Esper, contrariou a vontade de Trump de recorrer ao exército para suster os protestos contra a violência policial e o racismo ainda existentes na sociedade norte-americana. Depois de, inicialmente, ter dado respaldo à intenção do presidente americano de mobilizar as forças armadas para os estados e cidades onde as manifestações têm, por vezes, culminado em saques e violência, Esper veio agora dar o dito por não dito.

Na segunda-feira, começou por defender que "quanto mais cedo se dominar o espaço de batalha, mais rapidamente [estes protestos] se dissipam e podemos voltar ao normal". Já esta quarta-feira veio opor-se ao recurso da chamada "Lei da Insurreição", considerando que esse instrumento legal deve ser usado apenas em "situações muito urgentes" e concluindo que tal necessidade não se verifica de momento.

Esper posicionou-se em linha com o antecessor no cargo, James Mattis (saiu da Casa Branca no final de 2018), que veio entretanto criticar a forma como Trump tem gerido esta crise e acusando-o de abusar do seu poder executivo.

"Sabemos que somos melhores do que o abuso da autoridade executiva que testemunhámos em Lafayette Park", disse Mattis para quem a "militarização da resposta" às manifestações pacíficas como a que decorreu na segunda-feira em Washington serve somente para "criar um conflito, um falso conflito, entre a sociedade civil e militar".

Em causa estão as declarações feitas na passada segunda-feira pelo presidente norte-americano, ameaçando usar a força para dominar e acabar com as manifestações.

"Sou o vosso presidente da lei e ordem. Vou mobilizar todos os recursos federais disponíveis, civis e militares, para pôr fim aos motins e pilhagens, para acabar com a destruição e os fogos postos e para proteger os direitos dos americanos cumpridores da lei (…) Se uma cidade ou um estado se recusar a tomar as medidas necessárias para defender a vida e a propriedade dos seus residentes, vou mobilizar as forças militares americanas e resolver o problema rapidamente", declarou o presidente norte-americano.

Nesse mesmo dia, uma manifestação não violenta na capital, junto à Casa Branca, foi dispersada pelas forças de segurança com recurso a gás lacrimogéneo e balas de borracha de modo a abrir caminho para que Trump posasse junto à chamada "igreja dos presidentes", simbolicamente empunhando uma bíblia virada do avesso.

Trump não tardou a responder ao seu ex-secretário de Estado. Através do Twitter, Trump disse que terá apenas uma coisa em comum com o ex-presidente, Barack Obama: "Ambos tivemos a honra de despedir Jim Mattis, o general mais sobrevalorizado do mundo".

Contudo, as críticas feitas a Trump não se cingem apenas a democratas ou a elementos da Casa Branca, incluem também cada vez mais republicanos. Entre os que mais recentemente criticaram o presidente está Susan Collins, senadora do Maine, que gostaria de ver Trump "acalmar a nação" e não o contrário.

Na sequência do assassinato do negro George Floyde pela política de Minneapolis teve início uma vaga de protestos e manifestações que se já alastraram a perto de 400 cidades. 

Obama: "As vossas vidas importam"

Barack Obama fez questão de intervir no atual momento delicado que a sociedade dos Estados Unidos atravessa. Num vídeo com perto de três minutos, o ex-presidente norte-americano dirige-se aos jovens de cor para asseverar que "as vossas vidas importam". 

O primeiro e até hoje único negro a ter comandado a Casa Branca mostra-se "otimista" quanto ao futuro do país e enunciou ideias anti-racistas que contrastam com as ameaças e postura divisiva até agora adotada por Donald Trump. 

"Espero que sintam esperança, mesmo que se sintam zangados, porque têm o potencial de tornar as coisas melhores e vocês ajudaram a que todo o país sinta que isto é algo que tem de mudar. Vocês transmitiram um sentido de urgência que é mais poderoso e transformativo do que qualquer outra coisa que testemunhei nos últimos anos", disse Obama.

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