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Trump afirma que não é racista

O Presidente dos Estados Unidos garantiu no domingo que "não é racista", na sequência da divulgação na sexta-feira de declarações sobre imigrantes, que suscitaram indignação em todo o mundo.

15 de Janeiro de 2018 às 08:36
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"Não sou racista. Sou a pessoa menos racista que alguma vez entrevistaram", declarou Donald Trump aos jornalistas, concentrados no clube de golfe em West Palm Beach, na Florida (sudeste), onde o Presidente norte-americano jantou, no domingo, com o líder da maioria na Câmara dos Representantes.

 

Trump tinha já afirmado, na sexta-feira, numa mensagem na rede Twitter, "nunca ter dito mal dos haitianos", depois de ter negado ter utilizado a expressão "países de merda" para qualificar o Haiti durante uma reunião sobre imigração na quinta-feira.

 

"A linguagem que usei nessa reunião foi dura, mas essas não foram as palavras utilizadas", afirmou Trump, também no Twitter.

 

Alguns minutos mais tarde, o senador democrata Dick Durbin, que assistiu à reunião, garantiu que o Presidente tinha usado "várias vezes" aquela expressão insultuosa.

 

"Por que razão queremos que toda esta gente de países de merda venha para cá", perguntou Trump, de acordo com o jornal Washington Post, citando várias fontes anónimas.

 

De acordo com as mesmas fontes, Trump referia-se a países africanos, que não foram identificados, ao Haiti e a El Salvador, defendendo que os Estados Unidos deviam receber antes imigrantes da Noruega.

 

Também no domingo, Donald Trump declarou que estava a tentar concluir um acordo sobre imigração, mas que os adversários democratas eram inúteis na matéria.

 

"Estamos prontos, desejosos e capazes de chegar a acordo sobre o DACA [Ação Diferida para Imigração Infantil]", disse.

 

"Os democratas não o querem verdadeiramente", escreveu no Twitter o Presidente dos Estados Unidos, que na semana passada rejeitou uma proposta sobre imigração elaborada por um grupo de senadores bipartidário (Republicanos e Democratas).

 

O DACA protege da deportação 800.000 indocumentados, conhecidos como ‘dreamers’ (‘sonhadores’), chegados aos Estados Unidos enquanto crianças. Cerca de 520 portugueses são abrangidos pelo programa.

 

Em Setembro de 2017, Trump cancelou o programa criado por Barack Obama, dando até Março deste ano para o Congresso dos EUA achar uma solução legislativa para estas pessoas.

 

O acordo incluía uma via para que os ‘Dreamers’ pudessem obter a cidadania, bem como uma verba de 1,6 mil milhões de dólares, incluindo para o muro na fronteira com o México, uma das mais emblemáticas promessas eleitorais de Trump.

 

No entanto, Trump escreveu hoje: "O DACA provavelmente está morto, porque os Democratas não o querem verdadeiramente. Apenas querem falar e retirar aos militares dinheiro que lhes faz muita falta".

 

No sábado, Trump deu como perdido o acordo sobre migrações do grupo bipartidário. Foi na última reunião com este grupo que Trump se referiu ao Haiti, a El Salvador e às nações africanas como "países de merda", o que motivou grande contestação na comunidade internacional.

Outra das medidas incluídas na proposta seria a eliminação do sorteio de vistos, através do qual actualmente se concedem 50 mil autorizações de permanência nos EUA por ano. A ideia seria transformar metade destes vistos em autorizações para as pessoas afectadas pelo fim do Estatuto de Proteção Temporário (TPS).

 

Quando os senadores lhe explicaram os termos do acordo, Trump reagiu com as palavras: "Por que razão queremos que toda esta gente de países de merda venha para cá?", numa referência a El Salvador, Haiti e os países africanos.

 

O Presidente norte-americano voltou hoje a referir-se ao assunto.

 

"Eu, como Presidente, quero que as pessoas que vêm para o nosso país nos ajudem a tornarmo-nos, outra vez, num país mais forte e maravilhoso. Pessoas que venham através de um sistema baseado no mérito. Sorteios não. Os Estados Unidos primeiro", sublinhou.

 

A divulgação das declarações de Trump sobre os "países de merda" torpedearam as negociações sobre migrações, mesmo quando os democratas já tinham concordado em incluir a concessão de fundos para a construção do muro com o México.

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