Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Teerão insiste com Macron para AIEA deixar cair investigação e retomar acordo nuclear

Teerão exige o encerramento de uma investigação da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) sobre os vestígios de urânio enriquecido encontrados em três locais não declarados, o que pode ser um sinal de que o Irão tem um programa destinado a obter a bomba atómica.

Reuters
20 de Setembro de 2022 às 22:40
  • ...
O Presidente do Irão, Ebrahim Raisi, garantiu esta terça-feira ao homólogo francês, Emmanuel Macron, que Teerão está pronto para assinar o acordo nuclear, insistindo em condicionar o gesto ao fim da uma investigação que a AIEA tem em curso.

Num encontro entre Raisi e Macron, realizado à margem da Assembleia Geral da ONU, que começou hoje em Nova Iorque, quer o Presidente francês, em declarações aos jornalistas antes de discursar, quer o iraniano, num comunicado divulgado em Teerão, confirmaram a ideia de que as negociações entre as duas partes estão "difíceis".

Teerão exige o encerramento de uma investigação da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) sobre os vestígios de urânio enriquecido encontrados em três locais não declarados, o que pode ser um sinal de que o Irão tem um programa destinado a obter a bomba atómica.

No comunicado do Governo iraniano é indicado que Raisi disse a Macron estar pronto para assinar um acordo "justo", condicionando-o, porém, ao encerramento da investigação.

"A investigação iniciada pela AIEA é um sério obstáculo para se chegar a um acordo [que em agosto parecia muito próximo e agora se encontra suspenso]. A abordagem da agência nesses assuntos deve ser técnica e longe de pressões e sugestões de outros. Acreditamos que, sem o encerramento [da investigação] não é possível chegar a um acordo", disse Raisi citado no comunicado.

"A bola continua no lado do Irão", reiterou, por seu lado, o Presidente francês, que indicou ter apresentado a Raisi o "quadro claro" para um acordo passível de fiscalização pela AIEA e que preserve a segurança da região, em particular os países do Golfo e Israel, defendendo que a agência deve fazer o seu trabalho de forma independente.

O Ocidente aguarda uma resposta formal de Teerão às últimas condições propostas pelos europeus para reativar o acordo nuclear de 2015, denunciado três anos depois pelo então Presidente norte-americano, Donald Trump. 

Macron, que se reuniu com o Presidente iraniano pela primeira vez desde a eleição de Raisi, em agosto de 2021, indicou que o chefe de Estado do Irão "mostrou preocupação" em relação ao processo de "garantias", em particular para que o acordo seja preservado independentemente da administração no poder nos Estados Unidos. 

"A AIEA deve fazer o seu trabalho com toda a independência. Se assim não for, não podemos continuar as conversações com confiança e segurança", asseverou Macron.

Em agosto, a União Europeia (UE) apresentou uma proposta final para salvar o acordo e insistiu que não vê possibilidade de melhorá-lo, algo que levou Josep Borrell, chefe da diplomacia comunitária, a afirmar que não se esperam grandes avanços no processo.

O Irão está a negociar há 17 meses com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia, China e, de forma indireta, com os Estados Unidos, a restruturação do acordo nuclear de 2015, que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções, pacto abandonado unilateralmente em 2018 pelos Estados Unidos, por decisão do então Presidente Donald Trump.

 
Ver comentários
Saber mais Emmanuel Macron AIEA Ebrahim Raisi Irão nuclear
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio