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Ucrânia dá passo em frente para concretizar adesão à NATO

A proposta de revogação do estatuto de país não-alinhado foi esta terça-feira apresentada e aprovada no parlamento da Ucrânia, reforçando assim a ideia de que estará para breve a formalização de um pedido de adesão à NATO por parte das autoridades de Kiev.

Reuters
23 de Dezembro de 2014 às 14:18
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A Ucrânia renunciou esta terça-feira ao estatuto de país não-alinhado, depois de o parlamento ucraniano ter aprovado a proposta de revogação apresentada pelo Governo. A aprovação do não alinhamento em sede parlamentar, com 303 votos favoráveis e apenas oito contra, abre portas à possibilidade, já admitida em diversas ocasiões pelos responsáveis ucranianos, de a Ucrânia formalizar o pedido de adesão à NATO. A proposta de alteração legislativa foi anunciada em Agosto pelo então primeiro-ministro provisório Arseni Yatseniuk.

 

A Ucrânia assumiu o estatuto de país não-alinhado em 2010 sob pressão da Rússia, que via no avanço da Aliança Atlântica para leste uma ameaça. Este estatuto impedia a entrada de Kiev na NATO. Num discurso perante diplomatas estrangeiros, citado pela BBC, o presidente Petro Poroshenko disse que este seria um passo decorrente da "luta pela independência, integridade territorial e soberania". Poroshenko envia assim uma mensagem de esperança a um país que depois de perder a península da Crimeia em Março, depois da anexação por Moscovo, vê ameaçada a integridade territorial pelos confrontos com os separatistas do leste do país.

 

A resposta russa não se fez esperar, classificando esta decisão do parlamento ucraniano como um "passo não amigável" que apenas "servirá para trazer mais incómodos" às relações entre os dois países. Numa mensagem publicada no Facebook, o primeiro-ministro russo Dmitry Medvedev avisou que esta decisão de Kiev terá "consequências negativas".

 

"Na essência, esta jogada representa um pedido efectivo de adesão à NATO que vai transformar a Ucrânia numa potência militar inimiga da Rússia", sustentou Medvedev.

 

Na mesma linha, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo Sergey Lavrov afirmou esta terça-feira que "isto é contraproducente". "Serve apenas para escalar a confrontação [no leste da Ucrânia] e criar a ilusão de que a crise interna na Ucrânia poderá ser resolvida através da adopção de leis como esta", defendeu Lavrov citado pelo Russia Today.

 

Adesão à NATO demorará anos enquanto conflito no leste permanece vivo

 

A solução, na perspectiva do Kremlin, deveria passar por uma atitude de maior diálogo das autoridades de Kiev relativamente aos líderes pró-russos do Donbass, designadamente das regiões de Donetsk e Luhansk.

 

Lavrov disse mesmo que a solução deveria passar por "começar finalmente um diálogo com a parte da população ucraniana que foi ignorada desde que o golpe [deposição do ex-Presidente] foi iniciado", em Fevereiro.

 

No entanto, as pretensões assumidas desde o Verão passado pelas autoridades ucranianas de adesão à NATO já foram refreadas pela organização atlântica. Pelo menos no que ao imediato diz respeito.

 

Um porta-voz da NATO em Bruxelas, citado pela Reuters, assumiu que "a nossa porta está aberta e a Ucrânia tornar-se-á membro da NATO se assim o requerer e se preencher os requisitos necessários e cumprir os princípios básicos". Contudo, a concretização de tal processo deverá demorar anos, assumiu o oficial da NATO segundo elucida a Reuters.

 

Anders Fogh Rasmussen, antigo secretário-geral da NATO, que estava em funções aquando das primeiras demonstrações de interesse concretizadas por Kiev, no Verão passado, garantiu ver com bons olhos uma eventual adesão da Ucrânia à Aliança Atlântica.

 

A Rússia já se pronunciou em mais do que uma ocasião garantido que tal hipótese seria "inadmissível". Mas numa altura em que a economia russa enfrenta uma situação altamente delicada, face à acentuada desvalorização do rublo e do preço do petróleo, que representa cerca de 40% das exportações do país, será difícil ao presidente Vladimir Putin sustentar indefinidamente o apoio económico-militar aos separatistas pró-russos que combatem as forças leais em Kiev, na parte oriental da Ucrânia, desde o passado mês de Abril.

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