Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Nova Iorque vai ser o centro do mundo

O Papa já lá esteve. Xi Jinping está há vários dias nos Estados Unidos. Muitos outros líderes mundiais vão encontrar-se em Nova Iorque para a assembleia geral das Nações Unidas, a 70.ª, que começa esta segunda-feira, 28 de Setembro.

Bloomberg
27 de Setembro de 2015 às 11:10
  • ...

Por estes dias, têm sido um corrupio de líderes mundiais nos Estados Unidos da América. Esta segunda-feira, 28 de Setembro, as atenções estarão centradas em Nova Iorque, onde começa a 70.ª assembleia geral das Nações Unidos, onde se espera o discurso de vários chefes de Estado.

Mesmo antes de se iniciar a reunião, as Nações Unidas receberam o Papa Francisco. Sexta-feira, dia em que decorreu o primeiro dia da cimeira da sustentabilidade,  na qual foi aprovada a Agenda das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável no horizonte 2030 – que estabelece um quadro com o objectivo de erradicar a pobreza, o Papa Francisco discursou perante as Nações Unidas, onde condenou "fortemente" a ganância material e de poder, dizendo aos líderes mundiais que a ganância está a destruir os recursos da Terra e está a agravar a pobreza.

Esta foi a quinta vez que um Papa visitou as Nações Unidas. Antes de Francisco, ocorreu a visita, em 1965, de Paulo VI; em 1979 e 1995 foi a vez de João Paulo II e o antecessor Bento XVI também se dirigiu ao organismo em 2008.

E numa altura em que se comemora os 70 anos das Nações Unidas, o Papa Francisco falou do "má utilização e da destruição do meio ambiente", acompanhados por um processo de exclusão. "Uma sede egoísta e sem limites de poder e ganância material leva tanto à má utilização dos recursos naturais disponíveis como à exclusão dos fracos e desfavorecidos". (...) "Exclusão económica e social é a completa negação da fraternidade humana e uma grave ofensa contra os direitos humanos e meio ambiente".  O Papa fala da "cultura do desperdício" generalizada e silenciosamente crescente.

QUando se fala na adopção da Agenda 2030, o Papa Francisco deixou, ainda, uma mensagem aos líderes mundiais que têm de fazer tudo o que estiver ao alcance para assegurarem que todas as pessoas possam ter o mínimo de meios materiais e espirituais para viverem com dignidade. "Os mínimos absolutos têm três nomes: alojamento, trabalho e terra; e um espiritual: liberdade espiritual, o que inclui liberdade religiosa, o direito à educação e outros direitos humanos".

Serão também temas em cima da mesa na assembleia-geral das Nações Unidas que começa segunda-feira e que vai ser palco de discursos dos mais importantes líderes mundiais. Barack Obama, pelos Estados Unidos, Putin, pela Rússia, Xi Jinping, da China, são alguns dos líderes que discursarão nas Nações Unidas. Do lado portuguê será Cavaco Silva a fazer o discurso nacional.

Mas os líderes mundiais acabam por aproveitar a ocasião para manterem reuniões bilaterais, com vários tópicos na agenda. Obama já esteve com Xi Jinping, tendo conseguido do presidente chinês um compromisso de que a China não conduzirá espionagem cibernética de nível comercial. Xi Jinping ouviu de Obama que tal conduta poderia conduzir a sanções às empresas chinesas, que os Estados Unidos têm acusado de ganharem poder à conta do roubo de segredos industriais. Apesar destas acusações, as alianças continuam a acontecer. E durante a visita de Xi Jinping aos Estados Unidos, a Boeing acordou uma parceria com a empresa chinesa de aeronáutica para a construção de aviões.

Mas Obama assegurou, numa conferência de imprensa conjunta com o presidente chinês, que ambos os países tinham acordado "um compromisso comum" sobre o assunto. "Acordamos que nem os Estados Unidos nem o governo chinês conduzirá ou apoiarão ciberespionagem ou roubo de propriedade intelectual, incluindo segredos comerciais ou outra informação de negócios para retirarem vantagens comerciais", declarou Obama, citado pelo FT.

Esta é já uma consequência do acordo bilaterial que ambos os chefes de Estado mantiveram. A semana foi igualmente agitada para Obama que recebeu ainda o Papa Francisco, vindo de Cuba. E claro que o reatar das ligações entre Estados Unidos e Cuba esteve e estará na agenda. Raul Castro também vai estar na assembleia-geral das Nações Unidas. Será a primeira vez que Raul Castro discursará nesta reunião. A última vez que um presidente cubano discursou foi em 2000, ainda estava à frente Fidel Castro, lembrado pelo discurso de quatro horas e meia numa assembleia geral em 1960.

Raul Castro e Obama poderão também manter um encontro bilateral, mas ainda não está confirmado. Confirmado foi já a reunião entre Obama e Putin sobre a Síria e Ucrânia na agenda. Mesmo sem ter começado a reunião, já há "guerras" dos dois lados sobre quem pediu a reunião, com as duas partes a quererem assumir protagonismo.

Angela Merkel também aproveitou ter ido a Nova Iorque para se encontrar com o presidente egípcio Abdel-Fattah El-Sisi. Também não faltará à assembleia Robert Mugabe.

O debate final da assembleia-geral das Nações Unidas vai assinalar os 70 anos da organização, criada no pós-Segunda Guerra Mundial. Com vários assuntos a marcar a agenda mundial, em particular a guerra na Síria e a crise dos refugiados na Europa. Ainda assim, o combate à pobreza e o ambiente serão tópicos abordados, já que foi ratificada a Agenda 2030, no ano em que vai decorrer, em Paris, a Cimeira do Ambiente. 

Ver comentários
Saber mais Papa ONU Nações Unidas Obama Putin Merkel Xi Jinping
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio