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Lula nega que BRICS sirvam de "contraponto" ao G20 ou EUA
O Presidente do Brasil lembrou que BRICS representam nova forma de organização do "sul global" e não um "contraponto" do G7, G20 ou Estados Unidos. Sugeriu também a criação de uma nova "moeda de comércio exterior".
O presidente do Brasil negou que o grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) sejam qualquer tipo de "contraponto" ao G7, ao G20 ou ao Estado Unidos. Lula da Silva diz que intenção do grupo é organizar "o Sul Global" que, defende, sempre foi tratado como "segunda categoria e "parte pobre do planeta".
No discurso no dia inaugural da 15.ª Cimeira dos Brics, Lula lembrou que o grupo representa mais de um terço do PIB mundial e que "de repente está a perceber que podem transformar-se em países importantes" e que precisa de ter recursos para ir adiante na intenção de mudar "as relações no mundo".
"Já ultrapassámos o G7, respondemos por 32% do PIB mundial em paridade de poder de compra. Projeções indicam que os mercados emergentes em desenvolvimento são aqueles que apresentarão maior índice de crescimento nos próximos anos", frisou o líder brasileiro.
Sobre a ambição de expandir o grupo e admitir novos países, Lula reiterou que os BRICS "não podem ser um grupo fechado" e citou a Argentina e a Indonésia como dois exemplos de nações que deviam ser integradas. Mas ressalvou que essa expansão deve ser controlada através de determinados critérios e procedimentos.
Também a decisão do Banco dos BRICS de reduzir a dependência destes países do dólar norte-americano foi abordada por Lula da Silva através do uso das moedas locais nos seus empréstimos. O líder brasileiro defendeu que ao "diversificar fontes de pagamento em moedas locais, expandir sua rede de parceiros e ampliar seus membros, o Novo Banco de Desenvolvimento constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre os países em desenvolvimento".
Sugeriu a criação de uma "moeda de comércio exterior" que permita fazer negócios sem "precisar de uma moeda de outro país". "Porque eu preciso de ter dólar para fazer negócios com a China? O Brasil e a China têm tamanho suficiente para fazer negócios nas suas moedas ou em outras unidades de conta que a gente possa fazer", argumentou.
Lula aproveitou também a ocasião para promover a ideia da integração do Brasil, África do Sul e Índia entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Neste momento esse órgão das Nações Unidas é composto apenas por EUA, Reino Unido, França, Rússia e China.
"Porque o Brasil, a Índia e a África do Sul não podem entrar? Porque não pode entrar a Alemanha? Quem é que disse que são os mesmos países colocados lá em 1945 que continuam lá? O mundo mudou, a política mudou e nós queremos essa mudança", defendeu o chefe de Estado do Brasil.