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Guterres apela a Trump para não rasgar acordo sobre nuclear do Irão
O secretário-geral das Nações Unidas pede ao presidente americano para não rasgar o acordo alcançado em 2015 sobre o programa nuclear iraniano. António Guterres defende que não se deve rasgar o acordo sem ter uma alternativa preparada.
António Guterres elevou a pressão sobre o presidente dos Estados Unidos, instando Donald Trump a não rasgar o acordo sobre o programa nuclear do Irão sem ter uma boa alternativa pensada.
Em entrevista à Rádio 4 da BBC, o secretário-geral das Nações Unidas defende que o acordo assinado em 2015 sobre o programa nuclear iraniano "foi uma importante vitória diplomática". "Considero que será importante preservá-lo mas também acho que existem áreas em que é determinante ter um diálogo relevante porque vejo a região numa fase muito perigosa".
"Se um dia houver um melhor acordo para substituir o actual, tudo bem, mas não devemos rasgar [o actual acordo] sem termos uma boa alternativa", sustentou o português.
Donald Trump tem ameaçado em diversas ocasiões rasgar o acordo assinado entre Teerão e o grupo de países P5+1 (os cinco Estados com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha) quando era ainda Barack Obama o presidente dos EUA.
O novo secretário de Estado, Mike Pompeo, também ele um opositor do acordo desde a primeira hora, garante que os EUA têm provas de que o compromisso firmado por Obama foi construído com base num conjunto de falsas premissas.
O acordo então assinado permitia a investigadores internacionais avaliarem o cumprimento, por parte do Irão, das medidas acordadas com vista à limitação do respectivo programa nuclear, com Teerão a ver progressivamente levantadas as sanções que durante largos anos mantiveram a economia iraniana num estado anémico.
Trump terá de decidir até ao dia 12 de Maio se mantém o acordo ou se, pelo contrário, abandona o compromisso. As autoridades iranianas têm repetido avisos para as graves consequências de uma eventual decisão de Washington no sentido de rasgar o acordo em vigor. Ao que Trump respondeu já retribuindo as ameaças.
O presidente americano considera que este é "o pior acordo da história dos acordos" e critica que o compromisso tenha falhado o objectivo de proibir Teerão de desenvolver mísseis balísticos. Por outro lado, Trump considera que o dinheiro garantido pelo Irão com o levantamento das sanções está a ser utilizado pelo país para financiar operações de desestabilização e expansão de poder no Médio Oriente, designadamente na Síria e no Iémen.
Esta segunda-feira, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, garantiu ter provas de que o Irão continua a desenvolver de forma encoberta programas de armamento nuclear.