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Fortuna dos milionários de Davos não pára de aumentar

A elite global que descende de Davos está mais rica do que nunca.

21 de Janeiro de 2019 às 09:00
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Uma década depois da crise financeira ter atingido o World Economic Forum, os executivos de colarinho dourado que vão reunir-se em Davos esta semana já recuperaram.

 

David Rubenstein duplicou a sua fortuna desde 2009. A de Jamie Dimon triplicou. E Stephen Schwarzman aumentou a sua em seis vezes.

 

É uma evolução notável dada a convulsão económica e política da última década, desde o Lehman Broothers ao Brexit e Donald Trump. A fortuna de 12 participantes de Davos aumentou num total de 175 mil milhões de dólares, apesar do rendimento da classe média nos Estados Unidos ter estagnado, mostra uma análise efetuada pela Bloomberg.

 

As conclusões ilustram a cada vez maior diferença entre os ricos – os que correspondem a 0,1% da população – e os pobres da economia global. Dados do UBS e da PwC mostram que a fortuna dos bilionários aumentou de 3,4 biliões de dólares em 2009 para 8,9 biliões de dólares em 2017.

 

A ação dos bancos centros no combate à crise – com taxas de juro em mínimos históricos e programas de compras de ativos – apoiou o aumento da fortuna dos mais ricos, pois impulsionou o valor das empresas cotadas e outros ativos.

 

Dimon está de regresso a Davos com o JPMorgan Chase maior e mais rentável do que nunca. Schwarzman – reconhecível pelo seu casaco de inverno bronzeado – transformou a Blackstone na maior gestora ativos do mundo: gere 457 mil milhões de dólares contra 95 mil milhões no final de 2008.   

 

A Blackstone de Schwarzman foi uma das grandes vencedoras da crise financeira
A Blackstone de Schwarzman foi uma das grandes vencedoras da crise financeira Bloomberg


E Davos permanece mais popular do que nunca. O fórum – intitulado Globalização 4.0 – deverá acolher 3 mil pessoas este ano. George Soros vai organizar um jantar no qual será orador e Dimon vai dar uma "cocktail party". Bill Gates voltará a estar presente, tal como Rubenstein, o fundador do Grupo Carlyle, que tem um programa na Bloomberg TV e viu a sua fortuna duplicar na última época.

 

Há 10 anos era difícil perceber que estes bilionários iriam ter sucesso. O encontro foi dominado pelo medo, fúria e amargura.

 

"Todos com quem falei dizem que foi o Davos mais cruel em que participaram", disse Kenneth Rogoff sobre o fórum de 2009. "O ambiente era muito depressivo".

 

Os anos seguintes deram aos participantes de Davos muitas razões para celebrar. Os homens de negócios e das finanças assistiram ao "bull market" mais longo da história numa altura de dinheiro barato e, mais recentemente, corte de impostos nos Estados Unidos que tiveram nos ricos os grandes beneficiados.

 

Apesar da desigualdade ser tema recorrente em Davos e apontado pelos participantes como um dos riscos para uma sociedade estável, a bifurcação da economia global só tem acelerado.

 

"A crise financeira foi aquele tipo de eventos que sacode as coisas. Mas os que a causaram asseguraram-se que as perdas que daí vieram fossem socializadas", diz Anand Giridharadas, autor do livro ‘Winner Takes All: The Elite Charade of Changing the World.’

Para os que têm uma parcela mínima dos ativos, ou não tem nenhuns, foi uma década mais desafiante. Os salários estagnaram e grande parte não tirou partido da valorização das bolsas. A remuneração dos CEO das grandes empresas norte-americanas é agora equivalente a 312 vezes o salário anual médio de um trabalhador nos EUA. Um múltiplo que compara com 200 vezes em 2009, 58 vezes em 1989 e 20 vezes em 1965, de acordo com um relatório de 2018 do Economic Policy Institute.

 

A recente turbulência nos mercados financeiros pode levar alguns milionários de Davos a terem flashbacks de 2009. Até devido aos elevados riscos que se perspetivam para este ano.

 

É por isso possível que o otimismo em Davos tenha atingido um pico. O Bank of America diz que estamos atualmente num período de transição que vai beneficiar a classe média norte-americana de forma relativa, devido à inversão da estratégia do dinheiro barato, vitória dos políticos populistas e o nacionalismo a ganhar à globalização.

 

"Wall Street tem feito pior, enquanto Main Street [economia real] tem feito melhor", diz o banco, que estima que esta tendência vai acelerar.

 

Se a última década servir de guia, não é de apostar nesta tendência.

Texto original: Davos Billionaires Keep Getting Richer

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