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Finlândia reduz número de sem-abrigo em 40% inspirada em modelo dos EUA

Olhe pelas ruas de Helsínquia, espreite os recantos dos prédios ou por debaixo das pontes, mas não irá encontrar: caixas de cartão usadas como cama, sacos-cama e barracas que são usados por pessoas que vivem nas ruas em cidades de todo o mundo.

Reuters
28 de Julho de 2019 às 16:00
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Na Finlândia, o número de pessoas sem-abrigo caiu cerca de 40% na última década, apesar de duas recessões. Enquanto em Berlim, Londres e Nova Iorque as autoridades tentam resolver a crise na habitação com regras mais rígidas para o arrendamento, congelamento de preços, habitações sociais e cofinanciamento público de apartamentos com rendas reduzidas, a Finlândia adotou uma abordagem mais direta. O governo construiu mais imóveis para as pessoas que mais precisam deles.

O país faz parte do movimento global Housing First (habitação em primeiro lugar), uma ideia nascida em Nova Iorque no início dos anos 1990, e pensada por Sam Tsemberis. Psicólogo, nascido na Grécia e criado em Montreal, Tsemberis mudou-se para Nova Iorque para trabalhar com doentes mentais, muitos dos quais a viver nas ruas.

Organizações sem fins lucrativos e governos enfrentavam sérios desafios para os ajudar a ter uma vida independente num lar próprio. Para chegar lá, tinham de superar a doença, o abuso de substâncias e a situação de desemprego.

"Era um dilema impossível", disse Tsemberis em entrevista. "Então, começámos a perguntar aos sem-abrigo que estavam mentalmente doentes o que é que queriam, e eles começavam por uma casa, em vez de fazerem dela um prémio no final de uma série de passos que precisavam de dar primeiro".

Filadélfia e Burlington, no estado de Vermont, seguiram Nova Iorque e implementaram programas Housing First, que ainda existem atualmente. Nos Estados Unidos, disse Tsemberis, os gastos sociais relativamente escassos forçaram organizações sem fins lucrativos a encontrar abordagens inovadoras, mas limitaram a sua aplicação. Noutros lugares, há programas que estão a ser implementados à escala nacional, com base na ideia de que a habitação é um direito fundamental do ser humano.

Mais de 17 países em todo o mundo, do Canadá à Nova Zelândia, têm adotado métodos semelhantes. Já não há praticamente ninguém a viver nas ruas na Finlândia, um país de 5,5 milhões de habitantes, onde apenas 500 pessoas não têm atualmente um sítio para dormir. O número compara às 52 mil pessoas que dormem nas ruas na Alemanha, um país de 80 milhões de habitantes.

"O que os finlandeses fizeram foi investir em prevenção", afirmou Tsemberis. "Começaram a subsidiar rendas antes que as pessoas perdessem as suas casas".

Atingir a meta exigiu investimentos consideráveis por parte deste país nórdico. Foram construídos cerca de 7 mil imóveis a preços acessíveis no âmbito de três programas desde 2008.

"Há muitas pessoas com uma infinidade de problemas, incluindo problemas de saúde mental, que nunca conseguirão sair das ruas por conta própria", disse Sanna Tiivola, diretora da VVA, uma organização não governamental que ajuda os sem-abrigo. "É dever da sociedade ajudar essas pessoas".

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