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Depois das tarifas, Trump admite agora negociar

O anúncio da imposição de tarifas aduaneiras abriu a porta a negociações comerciais entre vários países. Dentro dos EUA, os democratas lembram que as taxas sobre importações fazem parte da política comercial.

11 de Março de 2018 às 21:50
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A decisão dos Estados Unidos de imporem tarifas às importações de aço e alumínio parece ter sido uma forma de Donald Trump relançar negociações comerciais com vários países, mas agora a partir de uma nova base e com uma postura mais agressiva. Logo depois de anunciar as novas tarifas, o presidente norte-americano apressou-se a dizer que o Canadá – principal fornecedor dos Estados Unidos destes materiais – e o México ficariam isentos desde que estivessem dispostos a renegociar os termos do acordo de livre comércio NAFTA.

Neste fim-de-semana, e em resposta às duras críticas e ameaças de retaliação vindas da Europa, Donald Trump repetiu a jogada: "a União Europeia, países maravilhosos que tratam muito mal os Estados Unidos no comércio, queixam-se dos impostos sobre o aço e o alumínio. Se eles abandonarem os seus horríveis obstáculos e os seus direitos aduaneiros sobre produtos norte-americanos, nós abandonaremos os nossos. Se não, taxamos as viaturas, etc. Justiça!", escreveu o presidente na rede social Twitter. O desafio é feito pelo mesmo Trump que deitou por terra um acordo de livre comércio que estava a ser negociado com a Europa (TTIP).

No sábado, decorreu uma reunião entre Estados Unidos, União Europeia e Japão, mas para já sem resultados concretos. No encontro, na capital belga, os europeus manifestaram o seu desapontamento ao representante norte-americano do Comércio, Robert Lighthizer. "A discussão foi franca", mas "não obtivemos clareza imediata sobre o procedimento sobre como ficar isento e as discussões continuarão na próxima semana", disse Cecilia Malmström na sua conta do Twitter, após a reunião que durou cerca de quatro horas. Tanto o Japão, como a União Europeia, exigem isenção total das novas tarifas.

Se a União Europeia abandonar os seus horríveis obstáculos e os seus direitos aduaneiros sobre produtos norte-americanos, nós abandonaremos
os nossos.
Donald Trump
Presidente dos Estados Unidos
E se o objectivo de Trump era relançar negociações sobre as taxas aduaneiras, pode dizer-se que conseguiu. De todos os lados surgem apelos à negociação. O ministro chinês do Comércio Zhong Shan disse este domingo que "vamos continuar as nossas discussões sobre esses temas (...) porque ninguém quer uma guerra comercial. Do outro lado do mundo, do Brasil – segundo maior fornecedor de aço e alumínio dos Estados Unidos – veio um apelo idêntico. Segundo a Lusa, o governo anunciou que enviou um pedido oficial para que o Brasil seja um dos países da lista das excepções ao pagamento de tarifas aduaneiras.


Democratas "não têm medo" das tarifas

Se Trump surge isolado na frente externa, já nos Estados Unidos a questão é mais complicada. Se é verdade que o anúncio de Trump caiu muito mal juntos dos republicanos que o apoiam no Congresso e no Senado, já os democratas têm uma posição mais complexa. A senadora Elizabeth Warren – apontada como possível candidata democrata às presidenciais de 2020 – veio dizer ontem que "não tem medo de tarifas aduaneiras" e que estas devem ter um papel na política comercial norte-americana. "Durante muito tempo, os nossos acordos comerciais foram negociados em benefício das grandes multinacionais e não dos trabalhadores norte-americanos", afirmou numa entrevista à NBC, citada pela Reuters.


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