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Crescem os receios de que a Rússia invada a Ucrânia

A ONU alerta para o número crescente de deslocados devido aos confrontos no leste da Ucrânia. Já os Estados Unidos e a Polónia temem que Moscovo esteja a preparar uma ofensiva militar e a Rússia mostra-se preocupada com a "situação humanitária" na região.

David Mdzinarishvili/Reuters
06 de Agosto de 2014 às 12:44
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Apesar de o Ministério da Defesa da Ucrânia referir que os rebeldes pró-russos já só controlam metade do território no leste do país, comparativamente com há um mês, os combates na região oriental intensificaram-se esta terça-feira, 5 de Agosto. Paralelamente, o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou esta terça-feira a duplicação do dispositivo militar junto à fronteira com a Ucrânia.

 

Também esta terça-feira, fonte do Departamento de Defesa norte-americano, citada pelo New York Times, referia que uma eventual invasão russa "é uma opção muito real", acrescentando ainda que se Putin optar pela ofensiva militar "pode fazê-lo sem grande transtorno". Esta quarta-feira é a Polónia a alertar para este risco.

 

"Temos razões para acreditar [que a possibilidade de invasão] é maior agora do que há alguns dias", afirmou o primeiro-ministro polaco Donald Tusk em declarações aos jornalistas. A posição polaca é a de que a eventualidade de uma agressão militar russa aumentou "nas últimas horas" e Tusk acrescenta que "ninguém na Europa tem uma resposta" para tal possibilidade.

 

A CNN noticiava que a mobilização militar russa para a fronteira, cujo exército se encontra novamente em "alerta de combate", atingia cerca de 20 mil soldados. A NATO também corrobora este número mas, no entanto, Andriy Lysenko, um porta-voz do exército ucraniano, dizia terça-feira que o número de militares russos junto à linha de fronteira entre os dois países era de 45 mil soldados e 160 tanques de guerra.

 

Apesar de não haver certezas quanto ao número, a possibilidade de uma intervenção militar ordenada por Moscovo é grande. Um contra-almirante porta-voz do Pentágono, John Kirby, nota "que os números não são uma questão de métrica" e sublinha que "aquilo que interessa é que [os russos] continuam a reforçar as suas unidades", destacando ainda a capacidade e efectividade do exército russo.

 

Por outro lado, as forças militares das autoridades de Kiev afirmavam, na segunda-feira, que o enfraquecimento dos rebeldes pró-russos poderia determinar, em breve, a sua derrota. Tal hipótese também servirá para perceber o real nível de comprometimento de Putin face aos separatistas. Para já os movimentos do exército moscovita indiciam que o Kremlin não deixará cair facilmente aqueles que lutam pela independência das regiões de maioria russófila da Ucrânia.

  

Cresce o número de refugiados e deslocados

Na segunda-feira, no seguimento da sua ofensiva militar contra os rebeldes, que o exército ucraniano acreditava poder sair vitoriosa levava o mesmo a aconselhar os civis a abandonar as zonas de Donetsk dominadas pelas forças separatistas. As pessoas parecem ter seguido o conselho à letra.

 

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) reconhece, entretanto, que desde meados de Abril o número de mortes provocadas pelos combates no leste da Ucrânia atinge já as 1500 pessoas e estima que o número de desalojados possa rapidamente chegar a um milhão. De acordo com as autoridades russas, nos últimos meses cerca de 730 mil ucranianos pediram asilo do lado russo da fronteira.

 

A BBC escreve esta quarta-feira que estes números aumentaram significativamente com o endurecer dos combates entre os separatistas e o exército ucraniano no período entre entre Junho e Agosto.

 

Moscovo considera que se vive uma "crise humanitária" na região e pediu, ainda na terça-feira, uma reunião com carácter de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O Kremlin lamenta que as forças de Kiev continuem a "intensificar as operações militares" e sustenta que o exército tem mesmo recorrido a armamento proibido, facto que coloca em causa o bem-estar das populações.

 

O La Repubblica dá conta da preocupação da NATO perante a linha de argumentação russa. "A Rússia poderia invadir a Ucrânia com a desculpa de uma missão de paz" que colocasse um ponto final à já referida, por Moscovo, "crise humanitária".

 

(Notícia actualizada às 15h27m com informação sobre a NATO)

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