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Angola espera juros de 7% para emissão de dívida "no mínimo" de dois mil milhões de dólares
O ministro das Finanças de Angola disse que a emissão de dívida em moeda estrangeira (“eurobonds”) será feita em Maio e que espera taxas de juro de 7%.
Angola vai fazer em Maio uma emissão de dívida em moeda estrangeira ("eurobonds"), anunciou o ministro das Finanças angolano, que disse esperar taxas de juro de 7%.
"Vamos fazer um 'roadshow' [apresentação aos investidores] em várias praças financeiras, a começar por Nova Iorque, na segunda-feira", disse Archer Mangueira em entrevista à agência Lusa, à margem dos Encontros da Primavera, que decorrem até domingo em Washington.
"O mínimo é dois mil milhões de dólares, mas pode ser mais", disse o governante, salientando que a expectativa é que as taxas de juro exigidas pelos investidores fiquem em linha com as praticadas actualmente na emissão de dívida que Angola lançou em 2015.
"A expectativa que temos é que [a taxa de juro] ficará abaixo da dos títulos emitidos em 2015, que já estão a ser comercializados a menos de 7%; foram lançados a 9,5% e estão a ser comercializados a 7%, portanto a nossa expectativa é que fiquem a esse nível", disse o ministro das Finanças de Angola à Lusa.
De acordo com o Plano Anual de Endividamento, Angola prevê captar 6,721 biliões de kwanzas (23,8 mil milhões de euros) de dívida pública, em 2018, totalizando 54,5 mil milhões de euros de endividamento.
De acordo com o documento, elaborado pelo Ministério das Finanças em meados de Fevereiro, estas necessidades repartidas por 4,762 biliões de kwanzas (18,1 mil milhões de euros) a captar em dívida emitida internamente e 1,959 biliões de kwanzas (7,4 mil milhões de euros) em desembolsos externos, visam "colmatar as necessidades de financiamento" do Orçamento de 2018.
Ministro das Finanças espera que mercados financeiros sejam mais favoráveis do que o FMI
O ministro das Finanças de Angola disse que espera que as medidas aprovadas e o apoio técnico do Fundo Monetário Internacional (FMI) crie condições para captar recursos financeiros em condições mais favoráveis do que as oferecidas pelo Fundo.
Em entrevista à Lusa em Washington, à margem dos Encontros da Primavera, que decorrem até domingo, Archer Mangueira, quando questionado sobre a razão de não recorrer ao financiamento do FMI e optar pelos mercados financeiros, explicou que isso se deve à convicção de que os mercados internacionais de capitais podem oferecer condições mais vantajosas depois das reformas.
"O programa de coordenação de políticas [que Angola assinou com o FMI esta semana] tem duas opções, com ou sem financiamento", disse Archer Mangueira, acrescentando: "Normalmente os países recorrem a programas com financiamento para financiar a balança de pagamentos, mas o nosso défice da balança de pagamentos tem vindo a reduzir-se nos últimos anos", vincou o governante.
"Também acreditamos que o programa de estabilização macroeconómico em curso, e que no fundo vai ser a base de um programa de coordenação de políticas, ao ser concretizado, vai certamente criar um ambiente para a captação de recursos financeiros junto dos mercados internacionais de capitais em condições muito mais favoráveis", acrescentou o ministro das Finanças angolano.
Archer Mangueira vai de Washington directamente para Nova Iorque, onde na segunda-feira dará início a um 'roadshow' (apresentação aos investidores) da emissão de dívida pública em moeda estrangeira ("eurobond") no valor mínimo de 2 mil milhões de dólares, para a qual espera uma taxa de juro na ordem dos 7%, abaixo dos 9,5% de lançamento da última emissão, há três anos.
Antes, durante a conferência dos ministros das Finanças africanos, na qual participou juntamente com os seus homólogos da Nigéria, Somália e São Tomé e Príncipe, Archer Mangueira já tinha dito que, apesar dos "sucessos alcançados" desde a queda do preço das matérias-primas, em 2014, "Angola ainda tem muitos desafios para colocar a economia numa trajectória de crescimento sustentado".
Para ajudar nesses desafios, o país vai continuar a trabalhar com o FMI, do qual é membro desde 1989, "com fases intensas e outras menos positivas", vincou.
Recordando os programas de apoio já completados durante esta década, Mangueira salientou que os técnicos do Fundo fizeram, no âmbito da análise ao país ao abrigo do artigo IV, "muitas recomendações úteis, sobre como implementar a consolidação fiscal, a mobilização de receitas internas e as reformas estruturais".
Essas preocupações, garantiu, "estão bem reflectidas no Orçamento Geral do Estado e no Plano Nacional de Desenvolvimento, e algumas delas estão já em curso e irão melhorar a capacidade do país implementar o novo quadro operacional da política fiscal para criar emprego e estimular o investimento".
O objectivo, concluiu, é "ampliar os esforços para a reforma e continuar o envolvimento com o FMI para sustentar os ganhos até agora, buscando assistência técnica para o desenvolvimento das capacidades para sustentar as reformas".