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Japão retoma pesca da baleia para fins comerciais 31 anos depois

Depois de ter anunciado a saída da Comissão Baleeira Internacional, o Japão retomou a pesca da baleia para fins comerciais, estabelecendo uma quota de captura de 227 animais para este ano.

Reuters
01 de Julho de 2019 às 13:26
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O Japão quebrou uma moratória internacional e retomou a pesca da baleia para fins comerciais esta segunda-feira, 1 de julho, ao fim de mais de três décadas. De acordo com a imprensa internacional, a saída dos barcos teve mesmo direito a cerimónias nos portos de Shimonoseki e Kushiro.

A agência de pesca do país anunciou o estabelecimento de uma quota de captura de 227 baleias para este ano, depois de a saída do país da Comissão Baleeira Internacional – anunciada em dezembro – ter sido efetivada esta segunda-feira.

 

A decisão do país mereceu duras críticas de ambientalistas e levantou questões sobre o proclamado compromisso do Japão com a cooperação internacional e o estado de direito. Mas, segundo os especialistas, também pode marcar o início do fim da indústria baleeira do Japão, que agora terá de se justificar numa base comercial, já que o país decidiu suspender as suas controversas capturas na Antártida, que serviam, segundo o governo, "fins de investigação".

 

O Executivo nipónico comprometeu-se a não caçar "em águas antárticas ou no hemisfério sul", limitando a pesca "às águas territoriais e à zona económica exclusiva do Japão".

 

A nova quota para a pesca comercial é muito inferior à quota de 637 animais estabelecida para a pesca com fins científicos – uma atividade que o Japão manteve ao longo dos anos recorrendo a uma lacuna da moratória que permitia a pesca para investigação - pelo que a retoma desta atividade poderá mesmo traduzir-se numa descida acentuada do número de animais capturados.


O Japão defende que muitas espécies de baleias não estão ameaçadas e, portanto, a moratória da Comissão, em vigor desde 1986, não se justificava.

A pesca de baleias é, ainda assim, uma pequena indústria no Japão. De acordo com a Reuters, a baleia representa 0,1% de toda a carne ingerida no país num ano, e há apenas cerca de 300 pessoas diretamente ligadas a esta atividade. A oferta anual do Japão, entre 4 e 5 mil toneladas, equivale a 40/50 gramas por cada cidadão.

O Japão já havia ameaçado abandonar a CBI em setembro, quando a Comissão se opôs ao seu pedido de retomar a pesca comercial. A reunião deste órgão, em Florianópolis, terminou então com a rejeição do texto do Japão, intitulado "O Caminho a Seguir".

O objetivo era estabelecer uma abordagem dupla no âmbito da CBI, um organismo com 89 países-membros, a fim de assegurar a coexistência da conservação e da atividade baleeira comercial.

A proposta teria posto termo à moratória sobre esta atividade, instituída em 1986, e da qual o Japão é signatário.

Contudo, os países-membros, liderados pela Austrália, União Europeia e Estados Unidos, rejeitaram o texto nipónico por 41 votos contra 27, levando o país a anunciar a sua saída deste órgão em dezembro.

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