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Guerra do pão na Venezuela já levou a quatro detenções

O governo de Nicolas Maduro impôs uma regra de destinar 90% do trigo ao fabrico de pão, em vez de bolos e doces mais caros. As padarias estão a ser controladas pelas autoridades que já detiveram quatro padeiros.

Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Negócios 17 de Março de 2017 às 13:52
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A chamada "guerra do pão" na Venezuela já resultou em quatro detenções esta semana, e poderá levar o presidente Nicolas Maduro a controlar todas as padarias de Caracas.

Segundo noticia a Reuters, Maduro enviou nos últimos dias inspectores e soldados a mais de 700 padarias na zona da capital venezuelana para garantir que estão a cumprir a regra de destinar 90% do trigo ao fabrico de pão, em vez de bolos e doces mais caros.  

Dessas investigações resultou a detenção de quatro padeiros, dois por estarem a usar demasiado trigo em pão doce, croissants e outros bolos, e outros dois por terem utilizado farinha fora da validade, segundo o comunicado das autoridades venezuelanas, citado pela agência noticiosa. Uma das padarias vai ser controlada pelas autoridades nos próximos 90 dias. 

A regra que define a utilização do trigo é a mais recente medida do presidente Maduro para combater a escassez de alimentos que caracteriza a crise económica do país.

"Aqueles que estão por trás da guerra do pão vão pagar, e depois não digam que é perseguição política", alertou Maduro no início da semana.

O grupo que representa os padeiros, Fevipan, já pediu uma reunião com o presidente esta semana, dizendo que 80% dos estabelecimentos já não tem matéria-prima e que não é possível fazer face às despesas sem vender produtos mais caros.

Esta quarta-feira, 15 de Março, o parlamento da Venezuela decretou uma crise alimentar no país devido à escassez de mais de 90% de matéria-prima de que a indústria necessita, num país onde a inflação anual é de mais de 700%.

O debate no parlamento foi aberto pelo deputado Carlos Paparoni, do Estado de Mérida (oeste do país), que afirmou que, desde Janeiro, 27 menores "morreram de fome" na Venezuela, onde metade das crianças sofre de desnutrição, "três milhões de venezuelanos procuram diariamente alimentos no lixo e 80% [da população] passa fome".

 

Por outro lado, o deputado Eliezer Srit insistiu na importância de abrir um canal humanitário para minimizar as "grandes necessidades" dos venezuelanos.

 

Os deputados decidiram enviar à Organização de Estados Americanos e à Organização das Nações Unidas (ONU) uma cópia da declaração de emergência alimentar no país.

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