As autoridades judiciais brasileiras condenaram o banco Santander ao pagamento de uma indemnização de 450 mil reais (102.301 euros) a uma antiga analista daquela instituição financeira. Sinara Polycarpo foi demitida em Julho de 2014 depois de ter enviado uma nota, em Junho do mesmo ano, a vários clientes do banco alertando-os para os riscos que poderiam advir de uma eventual reeleição de Dilma Roussef.

A antiga analista do Santander estimava que o cenário de deterioração da economia brasileira se agravasse caso Dilma fosse reeleita (Roussef viria mesmo a ser reeleita).

Na nota de análise podia ler-se que "a economia brasileira continua apresentando baixo crescimento, inflação alta e deficit em conta corrente. A quebra de confiança e o pessimismo crescente em relação ao Brasil em derrubar ainda mais a popularidade da presidente, que vem caindo nas últimas pesquisas, e que tem contribuído para a subida do Ibovespa".

A juíza Lúcia Toledo Rodrigues, apesar de ter deferido a indemnização por danos morais, indeferiu um conjunto de pedidos de indemnização feitos por Polycarpo: danos materiais; direito a receber horas extra; reconhecimento de bónus. O Tribunal Regional do Trabalho, de São Paulo, também não deu provimento ao pedido feito pelo Santander de condenação da antiga funcionária por litigância de má-fé.

Neste processo judicial que se prolongou durante cerca de um ano, Sinara Polycarpo sustentou que a sua demissão havia decorrido de um "nítido acto de discriminação política". As projecções económicas então feitas por Polycarpo geraram uma grande polémica, tendo mesmo suscitado uma reacção do ex-presidente Lula da Silva que, em relação à ex-analista do Santander, disse: "essa moça não entende porra nenhuma de Brasil e do Governo Dilma".