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São Tomé: Oposição disposta ao diálogo pede a Marcelo ajuda na transparência eleitoral
O partido Acção Democrática Independente (ADI), no poder em São Tomé, manifestou-se hoje disponível para iniciar um processo de entendimento com a oposição sobre "as grandes questões" que afectam o país, garantiu o seu secretário-geral.
"O ADI está sempre disponível para o diálogo, para qualquer tipo de conversa, vamo-nos consertar sobre os assuntos que dizem respeito a todos nós", disse Levy Nazaré, no final de um encontro esta noite com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que efectua uma visita de Estado ao país.
O secretário-geral do partido do Governo lançou um repto à oposição para discutir e chegar a consenso sobre a reforma dos tribunais.
O presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), principal força política da oposição, sublinhou por sua vez que o país entrou num "impasse político e uma crise institucional" com a constituição do Tribunal Constitucional autónomo e a respectiva eleição dos seus juízes.
"Temos eleições este ano e temos que ter um tribunal constitucional que de facto sirva a democracia", disse Aurélio Martins, que foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa juntamente com outro membro da direcção do seu partido.
"Enquanto constitucionalista e presidente de um país que é um dos principais parceiros de desenvolvimento do nosso país, pedimos os bons ofícios do Presidente Marcelo para que nos ajude a encontrar uma solução para sairmos da crise institucional em que o país está mergulhado", acrescentou Aurélio Martins.
O presidente do Partido da Convergência Democrática disse ter manifestado a Marcelo Rebelo de Sousa "a indignação" do seu partido "pela forma como o Tribunal Constitucional foi constituído" e "pedimos para que o Presidente possa usar a sua influência para que se possa encontrar um consenso para a formação de um tribunal que seja a contento de todas as partes".
"Lutamos por uma democracia ao estilo ocidental e vamos continuar a lutar para que esse tipo de democracia continue a ser implementada em São Tomé e Príncipe", disse Arlindo Carvalho, sublinhando que "aparentemente parece que está tudo em paz, mas não é esta a realidade que se vive".
Os dois maiores partidos da oposição ponderam a possibilidade de não participar nas próximas eleições, caso não haja a garantia de "transparência, de justiça eleitoral nas próximas eleições", por considerarem que as mesma são de "importância fundamental para o país, para os partidos da oposição e para o povo".
O líder do partido União para Cidadania e Desenvolvimento (UDD), Manuel Diogo, defendeu, por sua vez, a clarificação da situação politica interna para que se possa "ter eleições justas, livres e transparentes".
O dirigente do UDD pediu também a Marcelo Rebelo de Sousa para "usar a sua magistratura de influência, enquanto homem de consensos e constitucionalista, para "buscar uma abertura para o diálogo" entre o poder e a oposição são-tomense.
Nestes encontros, que decorreram em separado, o Presidente português esteve acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e pelo embaixador de Portugal acreditado em São Tomé e Príncipe.