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Moçambique suspende actividade mineira com riscos para população
O Governo moçambicano suspendeu as operações da companhia mineira chinesa Haiyu, anunciou a Amnistia Internacional (AI), organização que em Março acusou a empresa de ter agravado inundações que há três anos desalojaram 290 pessoas no norte do país.
"Com tantas vidas em risco, a decisão do Governo é bem-vinda", referiu Deprose Muchena, director regional da AI para a África Austral, citado num comunicado da organização.
"Contudo, se o Governo de Moçambique estiver determinado em proteger os Direitos Humanos da população de Nagonha, é essencial que a comunidade seja genuinamente consultada em todas as discussões, por forma a facilitar um acesso equitativo e efectivo à Justiça", acrescentou.
Em causa está a exploração de areias pesadas na localidade costeira de Nagonha, província de Nampula, norte de Moçambique.
Segundo o relatório da AI, intitulado "As nossas vidas não valem nada - o custo humano da exploração mineira chinesa em Nagonha", apresentado em Março, em Maputo, as operações transformaram a topografia da área, o que afectou o sistema de drenagem das zonas húmidas daquela comunidade.
Com a chuva que caiu em 2015, 48 casas foram destruídas e 290 pessoas ficaram desalojadas, consequência das operações realizadas pela empresa, de acordo com o relatório.
O consultor ambiental da Haiyu, Amilcar Marremula, tinha anunciado em Abril ao jornal diário O País que os problemas estavam ultrapassados.
A Haiyu tem explorado areias pesadas em duas concessões em Nampula (Nagonha e Sangage) desde 2011, extraindo minerais como ilmenite, titânio e zircão.