Notícia
Presidente angolano diz que manifestações e greves fazem parte da democracia
Sobre a atuação da polícia em Angola, que tem sido frequentemente acusada de reprimir manifestações, que assim não chegam a concretizar-se, João Lourenço salienta, em entrevista à Agência Lusa e ao jornal Expresso, que esta "reage quando tem de reagir" e não para maltratar os cidadãos.
01 de Junho de 2023 às 23:32
O Presidente angolano afirma que as manifestações e greves são próprias dos países democráticos e considerou que a polícia "só reage quando tem de reagir".
João Lourenço falava em entrevista à Agência Lusa e ao jornal Expresso sobre o exercício da cidadania e liberdade de manifestação em Angola, sublinhando que não estão limitados, "antes pelo contrário".
E "até há excessos", declara, apontando casos de vandalismo e profanação de figuras históricas como a estátua de António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola.
Sobre a atuação da polícia em Angola, que tem sido frequentemente acusada de reprimir manifestações, que assim não chegam a concretizar-se, salienta que esta "reage quando tem de reagir" e não para maltratar os cidadãos.
"Já houve manifestações que foram pacíficas e não houve necessidade de a polícia intervir. A polícia está sempre presente e só intervém se houver necessidade de o fazer", assinala, comparando o que acontece em Angola com as "grandes democracias" em que "há manifestações com cargas policiais bastante violentas".
"Ninguém tem vontade de tratar mal os seus próprios cidadãos, os que se manifestam são angolanos, são nossos cidadãos, são nossos filhos, são nossos irmãos e a polícia está ali precisamente para protegê-los, salvo se eles demonstrarem que estão com outras intenções e levarem a que a polícia tenha de agir", insiste João Lourenço.
E recorda tempos em que não se viam protestos, a propósito do descontentamento de várias classes, desde médicos e enfermeiros, aos professores e funcionários judiciais, que se tem traduzido em greves sucessivas.
"E se fosse o contrário, se o regime não permitisse manifestações? O que é que diriam, se fosse como no passado? Estava melhor como era antes em que ninguém fazia greve, ninguém fazia manifestações" questiona.
Em vez de críticas, João Lourenço sugere de forma irónica que o Executivo é merecedor de um prémio: "Eu acho que devíamos ser premiados, em vez de criticados (...) Se dizemos que defendemos a democracia, temos de nos sujeitar a tudo o que a democracia tem de bom e de mau. Não me assusta falar na existência de greves, na existência de manifestações, é um direito".
Afirma, por outro lado, que tem procurado fazer o melhor possível em matéria de governação, notando que "as coisas não se fazem de um dia para o outro".
"As pessoas pensam que tudo já devia estar feito, mas há de haver sempre falta de habitação, de escolas, de hospitais... temos de estar sempre a correr atrás das necessidades sociais da população", realça, assinalando o crescimento populacional "galopante" de Angola que constitui uma "pressão" sobre as infraestruturas e a alimentação.
Além disso, as consequências da guerra civil que durou quase 30 anos e terminou com a morte do lider da UNITA, Jonas Savimbi, em 2002, "ainda vão perdurar por algum tempo", aponta Lourenço, desafiando os mais jovens, que não têm memória do conflito, "a indagarem-se sobre esta questão".
Cerca de 45% dos 33 milhões de angolanos são jovens com idades entre 0 e 14 anos.
A Estratégia de Longo Prazo de Angola até 2050 prevê um aumento da esperança média de vida dos atuais 62 anos de idade para próximos dos 70 anos, um aumento dos atuais 33 milhões para cerca de 70 milhões de habitantes e a redução em um terço da taxa de desemprego que ronda os 30%.
João Lourenço falava em entrevista à Agência Lusa e ao jornal Expresso sobre o exercício da cidadania e liberdade de manifestação em Angola, sublinhando que não estão limitados, "antes pelo contrário".
Sobre a atuação da polícia em Angola, que tem sido frequentemente acusada de reprimir manifestações, que assim não chegam a concretizar-se, salienta que esta "reage quando tem de reagir" e não para maltratar os cidadãos.
"Já houve manifestações que foram pacíficas e não houve necessidade de a polícia intervir. A polícia está sempre presente e só intervém se houver necessidade de o fazer", assinala, comparando o que acontece em Angola com as "grandes democracias" em que "há manifestações com cargas policiais bastante violentas".
"Ninguém tem vontade de tratar mal os seus próprios cidadãos, os que se manifestam são angolanos, são nossos cidadãos, são nossos filhos, são nossos irmãos e a polícia está ali precisamente para protegê-los, salvo se eles demonstrarem que estão com outras intenções e levarem a que a polícia tenha de agir", insiste João Lourenço.
E recorda tempos em que não se viam protestos, a propósito do descontentamento de várias classes, desde médicos e enfermeiros, aos professores e funcionários judiciais, que se tem traduzido em greves sucessivas.
"E se fosse o contrário, se o regime não permitisse manifestações? O que é que diriam, se fosse como no passado? Estava melhor como era antes em que ninguém fazia greve, ninguém fazia manifestações" questiona.
Em vez de críticas, João Lourenço sugere de forma irónica que o Executivo é merecedor de um prémio: "Eu acho que devíamos ser premiados, em vez de criticados (...) Se dizemos que defendemos a democracia, temos de nos sujeitar a tudo o que a democracia tem de bom e de mau. Não me assusta falar na existência de greves, na existência de manifestações, é um direito".
Afirma, por outro lado, que tem procurado fazer o melhor possível em matéria de governação, notando que "as coisas não se fazem de um dia para o outro".
"As pessoas pensam que tudo já devia estar feito, mas há de haver sempre falta de habitação, de escolas, de hospitais... temos de estar sempre a correr atrás das necessidades sociais da população", realça, assinalando o crescimento populacional "galopante" de Angola que constitui uma "pressão" sobre as infraestruturas e a alimentação.
Além disso, as consequências da guerra civil que durou quase 30 anos e terminou com a morte do lider da UNITA, Jonas Savimbi, em 2002, "ainda vão perdurar por algum tempo", aponta Lourenço, desafiando os mais jovens, que não têm memória do conflito, "a indagarem-se sobre esta questão".
Cerca de 45% dos 33 milhões de angolanos são jovens com idades entre 0 e 14 anos.
A Estratégia de Longo Prazo de Angola até 2050 prevê um aumento da esperança média de vida dos atuais 62 anos de idade para próximos dos 70 anos, um aumento dos atuais 33 milhões para cerca de 70 milhões de habitantes e a redução em um terço da taxa de desemprego que ronda os 30%.