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Moeda angolana afunda mais de 10%. Analistas prevêem mais quedas

Os analistas estimavam uma queda mais acentuada do kwanza e consideram que a descida registada não é suficiente para impulsionar a economia angolana.

10 de Janeiro de 2018 às 17:03
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O Banco Nacional de Angola (BNA) deixou o kwanza flutuar no mercado, o que ditou uma queda de mais de 10% no valor da moeda angolana face ao dólar e ao euro, mas os analistas estimam que têm de ocorrer novas quedas.

 

O banco central angolano determinou o fim da ligação ao dólar, que estava em vigor desde 2016, permitindo ao kwanza negociar livremente, sem ser estabelecido qualquer valor de câmbio. O governador do banco, José de Lima Massano, revelou que será criada uma banda de flutuação e que "se esta não for ultrapassada, não haverá intervenção".

 

Ontem foi o primeiro leilão nestes moldes, o que provocou uma queda na moeda angolana de 11% para 187,95 kwanzas por dólar e 10% para 221,75 kwanzas por euro.

 

Apesar desta depreciação, o valor oficial da moeda angola continua muito acima do valor a que é trocado no mercado negro, onde são necessários 430 kwanzas para comprar um dólar. Analistas contactados pela Bloomberg contavam com uma nova taxa de câmbio mais elevada, acima de 200 kwanzas.

 

A nova cotação "situa-se muito abaixo do nível de equilíbrio estimado", afirmou à agência de notícias Cobus de Hart, economista do sul-africano NKC African Economics. "Não parece que tenha sido intenção do BNA deixar a moeda desvalorizar imediatamente para um nível de mercado", acrescentou. "Uma desvalorização de 10% muito inferior ao que o mercado estava à espera", acrescentou Samantha Singh, do Absa Bank.

 

Os economistas acreditam que a moeda angolana tem que continuar a perder valor para acabar com a falta de dólares no mercado e impulsionar a fragilizada economia angolana. Victor Lopes referiu à Bloomberg que a moeda angola terá de descer para valores entre 210 a 225 kwanzas por dólar. Este economista da Standard Chartered, em Londres, salienta que Angola tem ainda de recorrer ao FMI para assistência financeira.

 

"Um pedido de ajuda ao FMI é agora mais provável", salientou Victor Lopes, lembrando que já passou o período de eleições, o efeito das primeiras medidas do Governo e o acesso a financiamento externo é agora mais reduzido. O economista adiantou ainda que a desvalorização do kwanza também facilita o pedido de assistência ao FMI, pelo que o novo regime cambial é um "passo na direcção certa".  

 

A nova política monetária de permitir uma cotação mais baixa para o kwanza faz parte do pacote de medidas do presidente João Lourenço para atrair investimento estrangeiro e impulsionar a economia.

Por outro lado, o aumento do preço do petróleo pode, contudo, ajudar os cofres do Estado. Isto porque o Governo de João Lourenço elaborou um Orçamento do Estado para 2018, perpectivando o preço do barril de crude em 50 dólares, sendo que o mesmo se situava esta quarta-feira, 10 de Janeiro, nos 69 dólares. Ou seja, por esta via, as receitas do Estado serão superiores ao estimado, podendo suportar o esforço expansionista que o o Presidente angolano pretende fazer para estimular a economia. 

   

Apesar de deixar o kwanza flutuar, o BNA impõe um intervalo de modo que a queda da moeda não provoque um disparo na inflação, que está já nos 28%.

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