Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Isabel dos Santos acusa Justiça portuguesa de cumprir ordens das autoridades angolanas

Isabel dos Santos tem contas e ativos arrestados em vários países na sequência de processos judiciais que correm em Angola e noutras jurisdições.

Isabel dos Santos tinha fechado em fevereiro um acordo para vender o EuroBic ao Abanca, que ficou sem efeito.
Miguel Baltazar
16 de Janeiro de 2024 às 21:02
  • 1
  • ...
A empresária angolana Isabel dos Santos disse esta terça-feira que as autoridades angolanas dão "ordens diretas" e instruções às suas congéneres portuguesas nos casos judiciais que a envolvem nos dois países.

A filha do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos, que falava à Rádio Essencial, um dia depois de a Lusa divulgar os crimes de que é acusada no processo relacionado com a gestão da Sonangol, disse que estão em curso processos de reclamação dos seus investimentos em Angola e em Portugal.

Isabel dos Santos tem contas e ativos arrestados em vários países na sequência de processos judiciais que correm em Angola e noutras jurisdições.

Instada a comentar o que espera das autoridades portuguesas, a empresária afirmou que as decisões e o posicionamento da Justiça portuguesa são "a mando da Justiça angolana", nomeadamente da Procuradoria-Geral da República e do Serviço de Recuperação de Ativos, que "mandam instruções" que são cumpridas pelas contrapartes portuguesas "sem verificar se aquilo é verdade ou mentira".

A empresária queixou-se do segredo de justiça imposto e de não ter "acesso a nada" e não saber de que é acusada "porque a PGR de Angola não deixa" e dá "ordens diretas às autoridades portuguesas".

Quanto a Angola, afirmou que os arrestos decretados no final de 2019 "têm um impacto muito negativo na gestão" das suas antigas empresas, salientando que "a vocação do Estado não é gerir empresas privadas, e sim governar bem o país".

Em 31 de dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo das contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, de Sindika Dokolo e de Mário Leite da Silva, no Banco de Fomento Angola (BFA), Banco Internacional de Crédito (BIC), Banco Angolano de Investimentos (BAI) e Banco Económico, além das participações sociais que os três detêm enquanto beneficiários efetivos no BIC, Unitel, BFA e ZAP Media.

O despacho sentença proferido na altura dava como provada a existência de um crédito dos requeridos para com o Estado angolano num valor superior a mil milhões de dólares (894,9 milhões de euros), dívida que os requeridos terão reconhecido, mas alegaram não ter condições para pagar, de acordo com o documento.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou em 19 de janeiro de 2020 mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.
Ver comentários
Saber mais Isabel dos Santos PGR João Lourenço Angola Pitta Grós
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio