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Biden em Angola para "elevar" liderança dos EUA em África

Estados Unidos olham para Angola "como um parceiro estratégico e um líder regional".

Reuters
02 de Dezembro de 2024 às 09:59
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O Presidente norte-americano, Joe Biden, inicia esta segunda-feira, 2 de dezembro, uma visita de três dias a Angola, na qual deverá fazer vários anúncios sobre o corredor do Lobito, mas também em áreas como saúde, segurança alimentar ou agronegócio.

"Um conjunto desses anúncios será sobre o Corredor do Lobito. Mobilizámos milhares de milhões de dólares para esse projeto até agora, podem imaginar que o Presidente vai envolver-se com vários componentes desse esforço de infraestrutura e os elevará", disse aos jornalistas a assistente especial do Presidente e diretora de Assuntos Africanos no Conselho de Segurança Nacional norte-americano, Frances Brown, na semana passada durante um encontro com a imprensa para antecipar as prioridades da visita que decorre até quarta-feira.

 

O grande foco da viagem, que esteve prevista para outubro mas acabou por ser adiada para agora, estará no Corredor do Lobito, uma infraestrutura ferroviária que liga Angola às zonas de minérios da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia e na qual os Estados Unidos são "realmente um membro importante", especialmente para a segunda fase do projeto, disse a coordenador da Parceria para Infraestrutura e Investimento Global (PGI) no Departamento de Estado norte-americano, Helaina Matza, no mesmo encontro com os jornalistas.

Esta fase inclui a construção de 800 novos quilómetros na linha ferroviária que atravessa Angola, Zâmbia e RDCongo, que se somarão aos 1.300 já existentes e que estão a ser renovados, lembrou Matza.

Biden deverá também fazer anúncios relacionados com a segurança global da saúde, segurança alimentar e agronegócio, e ainda um "anúncio importante sobre cooperação no setor de segurança" e "sobre a preservação da rica herança cultural de Angola".

Em 2023, o comércio entre Estados Unidos e Angola totalizou aproximadamente 1,77 mil milhões de dólares (1,69 mil milhões de euros), o que tornou Angola no quarto maior parceiro comercial de Washington na África Subsaariana.

"Vemos Angola como um parceiro estratégico e um líder regional. O nosso relacionamento com Angola transformou-se completamente nos últimos 30 anos, e essa transformação ganhou ritmo nos últimos três anos", assinalou Frances Brown.

Nesse sentido, a diretora de Assuntos Africanos resumiu a viagem de Biden a Angola a três objetivos: "elevar a liderança dos EUA em comércio, investimento e infraestrutura em África"; destacar a "liderança regional e a parceria global de Angola num espetro completo de questões urgentes, incluindo comércio, segurança e saúde"; e, por último, destacar a "notável evolução do relacionamento EUA-Angola".

Do lado angolano, o Presidente João Lourenço salientou a importância da visita não só em termos de investimentos, mas também em investimentos fora do tradicional setor petrolífero.

"O Presidente Joe Biden vem abrir o caminho do investimento privado americano a Angola; até aqui, o que nós temos vindo a verificar ao longo de décadas é que o investimento americano em Angola está mais virado para o setor petrolífero e esperamos que com esta visita haja uma maior diversificação do investimento privado americano em Angola", frisou numa entrevista ao The New York Times.

Questionado se a saída de Biden tira algum significado a esta visita, João Lourenço rejeitou esta tese, "porque até ao dia 20 de janeiro do próximo ano, o Presidente americano é o Presidente Joe Biden", além de que "nas relações entre Estados pode haver mudanças das pedras no tabuleiro do xadrez, mas quando as relações são entre Estados elas têm, em princípio, a garantia de continuidade".

"Não estamos preocupados com o facto de o Presidente Joe Biden estar em fim de missão", disse, sublinhando que a partir de janeiro não apenas Angola, mas o resto do mundo vai ter que trabalhar com Donald Trump "se quiser manter relações com os Estados Unidos da América", escusando-se a comentar a futura relação de Donald Trump com África e as suas políticas.

 

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