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Passos Coelho: "O ex-Presidente Lula da Silva não me veio meter nenhuma cunha"

"Nunca ninguém me veio pedir para prestar uma atenção especial a um processo específico". A garantia foi deixada pelo primeiro-ministro português aos jornalistas. Passos Coelho confirmou que teve três reuniões com Lula da Silva, mas deixou claro:  "O ex-Presidente Lula da Silva não me veio meter nenhuma cunha."

Bruno Simão
20 de Julho de 2015 às 15:59
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Questionado pelos jornalistas sobre se Luís Inácio Lula da Silva tinha tentado influenciar de alguma forma o processo de privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF) numa reunião com Passos Coelho, o primeiro-ministro negou esta perspectiva.

 

"Falámos sobre muitas coisas, normalmente sobre política nacional, sobre questões bilaterais, sobre a União Europeia, sobre vários aspectos… Falámos também sempre da importância de poder haver um interesse maior de empresários portugueses a investirem no Brasil e de empresários brasileiros a investir em Portugal. E recordo-me de ter dado conta de que havia menos empresas brasileiras [nos processos de privatização que se realizaram em Portugal] do que esperaria à partida, mas não conversei [com Lula da Silva] sobre casos específicos", explicou.

E mesmo que tenha sido referido algum caso específico, "foi de forma meramente exemplificativa."

 

"A ideia que foi veiculada de que o ex-presidente da República me teria vindo sensibilizar em particular para uma empresa, para um processo em particular... nunca aconteceu", sublinhou. "Como nunca aconteceu" com outros responsáveis. "Nunca ninguém me veio pedir para prestar uma atenção a um processo específico."

 

"Tive três reuniões com Lula da Silva", afirmou Passos Coelho aos jornalistas. Mas, "para que fique claro", "o ex-presidente da República Lula da Silva não me veio meter nenhuma cunha" – "isto é para se perceber direito" o que está em causa, sublinhou o primeiro-ministro à margem do fórum de administradores de empresas, em Lisboa.

Passos Coelho realçou ainda que se está a falar do "caso de uma empresa que foi privatizada sem que qualquer empresa brasileira tivesse apresentado proposta." Recorde-se que a EGF foi vendida ao consórcio SUMA, liderado pela Mota-Engil. "A empresa brasileira [em causa, que é a Odebrecht] nem apresentou proposta."

Em causa estão as notícias veiculadas pelo jornal brasileiro O Globo que citava telegramas diplomáticos trocados entre chefes de postos brasileiros no exterior e o Ministério das Relações Exteriores, entre 2011 e 2014, "as actividades do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor do grupo Odebrecht no exterior foram além da contratação para proferir palestras, contrariando o que o petista [do Partido dos Trabalhadores] e a construtora têm sustentado".

 

A movimentação do ex-presidente brasileiro em Portugal é relatada em dois telegramas: a 25 de Outubro de 2013, o embaixador brasileiro em Lisboa, Mario Vilalva, enviou um comunicado sobre a visita de Lula a Portugal, no qual o diplomata deixa claro que a visita do ex-presidente resultava do convite da Odebrecht, por ocasião dos 25 anos de presença da construtora brasileira em Portugal.

Menos de sete meses depois, num outro telegrama, numa análise sobre a privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF), Vilalva notava que as empresas brasileiras Odebrecht e Solvi, em parceria com o grupo português Visabeira, demonstraram interesse no negócio, o que gerou simpatia dos formadores de opinião em Portugal, referindo "a acção directa de Lula em favor da Odebrecht".

"O ex-presidente também reforçou o interesse da Odebrecht pela EGF ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que reagiu positivamente ao pleito brasileiro", informou o diplomata, citado pelo jornal O Globo, que refere que o contacto a favor da construtora foi feito em privado.

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