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Operação Marquês: "PT não foi empurrada pelo BES para a Oi", alega defesa de Granadeiro

A defesa do antigo presidente da PT alega que a venda da Vivo foi decidida pelos acionistas e a entrada na Oi pela pressão do Estado, rejeitando favorecimento ao BES de Ricardo Salgado.

Miguel Baltazar
09 de Março de 2020 às 16:19
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A defesa de Henrique Granadeiro na Operação Marquês sustentou esta segunda-feira, terceiro dia do debate instrutório do processo, que o ex presidente da Portugal Telecom relativamente à estratégia da operadora no Brasil "não foi influenciada por Ricardo Salgado", recusando a existência de indícios de qualquer conduta criminosa.

 

Granadeiro está acusado de oito crimes, entre os quais de corrupção passiva e branqueamento de capitais, alegando o Ministério Público que o antigo gestor recebeu cerca de 24,5 milhões de euros da Espírito Santo Entreprises para beneficiar o grupo de Ricardo Salgado quer na oposição à OPA da Sonae quer na venda da brasileira Vivo.

 

Depois de na passada sexta-feira o advogado de Granadeiro, Nuno Líbano Monteiro, ter respondido a questões levantadas pelo Ministério Público sobre a OPA da Sonae, esta segunda-feira a advogada Beatriz Eusébio da Costa debruçou-se sobre os negócios no Brasil.

A defesa de Henrique Granadeiro salientou que desde 1998 que a PT tinha em estudo alternativas para a sua expansão e que no Brasil não foi apenas a Telemar que foi estudada, garantindo que esses "vários cenários não estavam relacionados com interesses do BES no mercado brasileiro mas com a expansão internacional da PT", acusando estar a haver uma "descontextualização" por parte da acusação de alguns emails.

Citando atas de reuniões do conselho de administração da PT e várias testemunhas, a defesa de Granadeiro sublinhou que mesmo após a OPA da Sonae sobre a PT o responsável pretendia que a operadora de mantivesse na Vivo e não a entrada na Telemar, recusando que decisões da administração da PT tivessem sido tomadas por influência do BES, rejeitando qualquer conluio.

 

Recordando as propostas feitas então pela espanhola Telefónica, parceira da PT na Vivo, para adquirir a posição do grupo português, a defesa de Granadeiro frisou que mesmo com os sucessivos aumentos de preço a administração da PT achou sempre que valor não era suficiente tendo em conta a estratégia delineada para crescer no Brasil.

"O conselho de administração da PT não seguiu orientações de ninguém, não seguiu instruções do BES", disse Beatriz Eusébio da Costa, salientando que o próprio Estado era contra a venda.

 

No entanto os acionistas da PT acabaram por decidir alienar a participação, mas o Estado, que na altura tinha uma "golden share" na PT, vetou a venda. Das negociações que se seguiram, lembrou, resultou a condição do Estado de que a PT se mantivesse no Brasil.

 

Para a defesa de Granadeiro, "a venda da Vivo  resultou da escolha maioritária dos acionistas e a entrada na Oi da pressão do Estado", alegando que então esta "era a única opção segundo os consultores".

 

A defesa de Granadeiro recusou ainda que tivesse havido "favorecimento de um acionista" e voltou a pedir a não pronúncia do antigo gestor  designadamente pelos crimes de corrupção passiva e branqueamento.

A equipa de defesa de Henrique Granadeiro voltou a defender, como o fez no requerimento de abertura de instrução, que o ex-gestor da PT não era funcionário, ao contrário do que entende o Ministério Público, considerando que por isso não pode ser julgado pelo crime de peculato e por corrupção passiva.

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