Notícia
Miami quer atrair ricos que fogem dos impostos de Nova Iorque
Antigamente, Daniel de la Vega, executivo imobiliário da Florida, e a sua equipa viajavam pela América Latina para cortejar clientes. Hoje em dia, está a fazer voos domésticos - anunciando os benefícios fiscais do seu estado em lugares como Manhattan e Long Island.
Um ano após a aprovação de uma lei que impôs um teto às deduções de impostos estaduais e municipais - afetando mais duramente os proprietários de imóveis em lugares como Nova Iorque, Nova Jersey e Connecticut, onde os impostos estaduais sobre rendimentos e imóveis estão entre os mais altos -, corretores de estados americanos nos quais os impostos são baixos ou inexistentes, como a Florida, estão a correr para divulgar as enormes economias oferecidas nos seus mercados, principalmente para os que mais ganham.
"Nós duplicámos a aposta no nordeste dos EUA por causa dos incentivos fiscais", disse De la Vega, presidente da ONE Sotheby’s International Realty em Miami, que vende imóveis caros, como a mansão Aventura do produtor discográfico DJ Khaled, agora à venda por oito milhões de dólares (inclui candelabros de ouro de 14 quilates).
A lei tributária limita as deduções de impostos estaduais e locais, incluindo o imposto sobre imóveis, a 10.000 dólares. De acordo com as novas regras, um nova-iorquino com um rendimento de 10 milhões de dólares e uma casa de 10 milhões de dólares teria poupado 1.173.278 de dólares em impostos se se tivesse mudado para a Florida no dia 1 de janeiro de 2018, quando a lei entrou em vigor. Isto representa um aumento de 431.682 dólares, ou 58%, em relação a 2017, de acordo com o Tax Institute da H&R Block.
Mesmo por esta quantidade de dinheiro, não se sabe quantas pessoas trocariam os centros de finanças e tecnologia pela ensolarada Florida, nem se estas mudanças conseguiriam substituir os brasileiros, venezuelanos e argentinos ricos cujo poder de compra diminuiu por causa da desvalorização cambial e das crises económicas. Em 2010 e 2011, o real subiu para quase 1,50 em relação ao dólar. Agora, caiu para cerca de 3,70 reais por dólar.
Os corretores do sul da Flórida não ficaram de braços cruzados.
Num evento de outubro realizado no complexo de escritórios Omni, em Long Island, a empresa de De la Vega ofereceu aos clientes franks en croûte, croquetes de batata com trufas brancas e open bar - e uma apresentação sobre as vantagens fiscais de se mudar para a Florida. De la Vega disse que também está a duplicar a publicidade digital na região Nordeste. E realçou que todas as corretoras do sul da Florida estão a cortejar ativamente potenciais migrantes fiscais ou estão a planear fazê-lo.
Jay Phillip Parker, CEO das operações na Florida da Douglas Elliman Real Estate, realizou o seu próprio evento relacionado com impostos em Long Island, em abril, chamado "Destination Florida". Mesmo não sendo o fator principal, Parker disse que a reforma tributária foi um "gatilho" para muitos norte-americanos ricos considerarem a possibilidade de se mudarem para a Florida.
(Texto original: Miami Woos N.Y.'s Tax Exiles as Latin American Buyers Retreat)