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Programa de rendas acessíveis não passa de um “paracetemol” em Lisboa, Porto e Algarve

Com apenas dois meses de existência, o programa revela-se praticamente inacessível nas regiões onde há mais dificuldades, de acordo com uma análise do diário Público em parceria com uma equipa de investigadores da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

Miguel Baltazar
07 de Setembro de 2019 às 12:21
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"No Porto, em Lisboa e no Algarve parece que é dar um paracetamol a um paciente que precisa de quimioterapia", considera Aitor Varea Oreo, um dos membros da equipa de investigadores da faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, que em parceria com o jornal Público faz uma análise às condições do Programa de arrendamento Acessível (PAA), tendo concluído que este instrumento nem para paliativo serve nas regiões do país onde há mais dificuldade no acesso ao mercado de habitação.

 

Uma família com rendimentos medianos tem capacidade para aceder a um apartamento considerado mediano na sua freguesia, no mesmo município? Ou até onde tem de se deslocar? Foi a esta pergunta que o trabalho universitário tentou responder, a partir da análise dos dados das rendas e dos rendimentos da população.

 

A resposta é que, com e sem PAA, o desfasamento do mercado de arrendamento face ao rendimento das famílias persiste em cidades como Aveiro, Coimbra ou Évora, mas permanece como muito graves nas áreas urbanas do Algarve, Porto e Lisboa.

 

De resto, olhando para o gráfico feito pelos investidores - onde o rendimento mediano que  não é suficiente para aceder ao apartamento-tipo são representadas com cores quentes, as outras com cores frias -, regista-se que o acesso à habitação pode melhorar em outras regiões e municípios do país.

 

"Uma adesão generalizada permitiria passar para cores frias uma área muito significativa do território que, sem o programa, se manteria em tons quentes. De facto, a carta que retrata um país onde o PAA tivesse uma ampla adesão surge com a larga maioria do território em tons frios. Ou seja, na maior parte do território um agregado familiar com rendimentos medianos teria capacidade de aceder ao apartamento-tipo aqui usado como exemplo", explicou Nuno Travasse, membro da equipa multidisciplinar que o estudo.

 

O PAA, que tem como destino as famílias de classe média que têm dificuldades em aceder ao mercado de habitação a preços comportáveis, recebeu oito mil candidaturas de interessados, mas só 135 senhorios demonstraram interesse em integrar o seu programa, tendo sido assinados até agora apenas 20 contratos.

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