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Industriais europeus criticam burocracia da bazuca. “É muito, muito difícil aceder”
O plano pós-pandemia para levantar a economia da União Europeia está com dificuldades em arrancar, avisa a organização europeia de industriais. A meio do calendário de implementação, apenas 30% do montante foi desembolsado.
A principal associação de industriais da União Europeia arrasa a execução do plano de recuperação pós-pandemia – o NextGenerationEU – conhecido como "bazuca europeia". De acordo com o presidente da European Round Table for Industry (ERT), o plano de 800 mil milhões de euros está envolto numa teia de burocracia que impede as empresas de acederem aos fundos.
"Há muitos obstáculos e critérios a cumprir", afirmou Jean-François van Boxmeer, líder da ERT em entrevista ao Financial Times, apontando as dificuldades em aceder às verbas. "É muito, muito difícil", confessa van Boxmeer que também é presidente da Vodafone. "As pessoas ficam perdidas na complexidade da oferta. A intenção é boa, mas as pessoas estão perdidas…", acrescenta.
Para ilustrar este impasse, o presidente da ERT aponta a fraca execução. Em dezembro do ano passado, quando o plano está praticamente a meio da ponte, apenas tinham sido desembolsados 30% dos montantes em empréstimos e subvenções. Em termos de cumprimento de marcos e metas, os dados, indica o FT, apontam para que apenas 18% tenham sido cumpridos pelos governos nacionais, sendo este um dos critérios para transferir as verbas para os Estados-membros.
Para o presidente da ERT, a Comissão Europeia deveria canalizar verbas para a construção de infraestruturas que beneficiassem todos os países do bloco, dando o exemplo das ligações internacionais de energia. Esta associação junta cerca de 60 líderes das maiores empresas industriais e tecnológicas da Europa.
Da verba total do NGEU, Portugal tem direito a 22,2 mil milhões de euros em subvenções e empréstimos a uma taxa de juro muito baixa. Até dezembro, tinham sido pagos aos beneficiários 3,6 mil milhões de euros. O plano de recuperação e resiliência (PRR) tem de ser executado na totalidade até ao final de 2026, caso contrário, o país perde a parte que ficou por executar.