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Quase metade dos organismos não tem Código de Ética

Um inquérito do Conselho da Prevenção da Corrupção, respondido por 468 entidades, concluiu que cerca de um quarto não adoptou medidas para gerir conflitos de interesses.

Vítor Caldeira, presidente do CPC, não quis falar sobre o pacote da transparência que está a ser discutido no Parlamento. Correio da Manhã
10 de Abril de 2018 às 13:35
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Quase metade das 468 entidades públicas que responderam a um inquérito do Conselho de Prevenção da Corrupção (CPC) sobre "Gestão de Conflitos de Interesses no Sector Público" não tem Códigos/Manuais de Ética/Conduta.

Esta é uma das principais conclusões do estudo, apresentado esta terça-feira, 10 de Abril, pelos responsáveis do CPC, um órgão que funciona no âmbito do Tribunal de Contas (TdC).


O inquérito, cujas respostas abrangem um terço dos organismos públicos e cerca de metade dos funcionários públicos, concluiu ainda que um quarto (25,4%) dos organismos não possui "medidas específicas" para gerir conflitos de interesses e a grande maioria (88%) reconheceu não dispor de medidas "relativamente ao período que sucede o exercício de funções públicas".


As principais medidas para a gestão dos conflitos de interesses adoptadas pelas entidades inquiridas compreendem "sobretudo a realização de acções de formação e sensibilização dos trabalhadores, a identificação e caracterização de possíveis situações e a obrigatoriedade de subscrição pelos colaboradores de declarações de inexistência de conflitos de interesses".


Das entidades que responderam ao questionário "nenhuma detectou a ocorrência de situações de conflitos de interesses (entre o final de 2012 e o final de 2017)". No entanto, e na resposta a uma outra questão, 19 entidades reconheceram ter identificado situações desta natureza, não reportadas pelos seus trabalhadores.


O inquérito foi respondido, entre Outubro e Dezembro de 2017, por 209 entidades da Administração Central, 186 da Administração Local e 73 da Administração Regional. 63 organismos têm mais de 1000 trabalhadores.


A decisão de fazer este estudo surge decorridos cinco anos após a recomendação do CPC sobre conflitos de interesses e visou avaliar o modo como as entidades públicas têm vindo a fazer a sua aplicação, que medidas têm sido desenvolvidas e que dificuldades têm conhecido.


"A questão da ética começa a ser valorada pelos organismos públicos mas há ainda muito trabalho a fazer" no que toca à cultura da ética e integridade na Administração Pública, afirmou Vítor Caldeira, presidente do CPC.


No que respeita às medidas a adoptar em relação a esta matéria, o também presidente do Tribunal de Contas defende a necessidade de "promover a adopção de Códigos de Ética e de Conduta" e "identificar casos de boas práticas de uma cultura de integridade e transparência na Administração Pública".

Vítor Caldeira defende ainda a necessidade de todos os membros dos júris dos concursos públicos serem obrigados a fazer declarações de interesses, uma obrigatoriedade que, reconheceu, já está prevista no Código dos Contratos Públicos.


Questionado pelos jornalistas, o presidente do CPC referiu que "o questionário não identificou situações de conflitos de interesse em concreto" e não se quis pronunciar sobre o pacote da transparência que está a ser discutido neste momento na Assembleia da República, alegando que o Conselho de Prevenção da Corrupção já se pronunciou sobre a matéria quando foi ouvido no Parlamento.

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