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Orçamento tem 467 milhões para bancos falidos mesmo após riscar o Novo Banco
O Parlamento chumbou a autorização para o Governo gastar 476 milhões de euros com o Novo Banco, mas deixou passar, de fininho, despesa igual para aguentar restos de bancos falidos como o Banif e o BPN, revela o Dinheiro Vivo.
Com o país mergulhado numa grave crise, a dívida pública a atingir um máximo histórico e o défice público a disparar, o Parlamento chumbou, em sede de Orçamento do Estado (OE) para 2021, a autorização para o Governo "cumprir" os seus "compromissos contratuais" e injetar mais 476 milhões de euros no Novo Banco, mas deixou passar, de fininho, verbas de igual montante para aguentar restos de bancos falidos como o Banif e o BPN.
Apesar da os quadros do OE2021 terem sido radicalmente alterados, deixando de estar explícitas as despesas previstas para os veículos públicos com os ativos problemáticos, o Dinheiro Vivo conseguiu descortinar que o documento aprovado autoriza o Governo a gastar 467 milhões de euros com os sete veículos financeiros (hoje a cargo do Estado) que guardam os restos dos dois bancos privados já desaparecidos.
Segundo os cálculos deste jornal, 80% dos 467 milhões de euros aprovados vão para os veículos Banif (as partes do banco que o Santander não quis comprar na resolução feita no final de 2015): 271 milhões para a Oitante, 91 milhões para a Banif Imobiliária, sete milhões para a sociedade Wil - Projetos Turísticos e um milhão para a Banif, SA. No total são 370,4 milhões de euros.
Já para o universo do antigo BPN (nacionalizado em 2008), o OE2021 tem reservados mais de 96 milhões de euros, tendo a Parvalorem obtido uma linha de 58 milhões de euros no Orçamento para o próximo ano, enquanto a Parups ficou com mais 31 milhões e a Parparticipadas com seis milhões.