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Pedro Filipe Soares: “Governo não tinha mandato para fazer cativações deste nível”
Em entrevista ao Público e à Renascença, o líder da bancada parlamentar do Bloco de Esquerda diz que não é aceitável que Centeno seja o Ronaldo do Ecofin "à custa das cativações".
Para Pedro Filipe Soares, a utilização de cativações em 2016 foi excessiva e o Governo não tinha mandato político para ter recorrido tanto a esse mecanismo. "O que dissemos ao Governo é que nós ficámos desconfortáveis com o Governo ter feito uma execução orçamental para a qual não tinha mandato político para fazer. Não tinha mandato político para fazer cativações deste nível", afirmou ao diário e à rádio.
Embora defenda que as cativações "devem existir", argumenta que elas devem "ser limitadas". E diz que a responsabilidade é daquilo a que chama "paranóia do défice". "Se tivermos tido confiança, não precisávamos de ter feito cativações como as que foram feitas, não precisávamos sequer de ter feito o perdão fiscal. Tudo isso existiu porque se estava a instalar o pânico de não ser alcançada a meta de défice."
Ainda assim, o BE não se compromete com a introdução no orçamento de uma norma que limite as cativações adicionais. Que consequências tirará então o partido? "A força que o Bloco tem é na Assembleia. Esse papel está limitado aos 19 deputados que temos", diz Pedro Filipe Soares. "Ter um défice para Bruxelas ver, para depois termos problemas no nosso país, não é aquilo que aceitamos. E se Centeno quer ser o Ronaldo do Ecofin à custa das cativações dos serviços, não é o modelo que consideramos aceitável."
Sobre as negociações em torno do OE 2018, o deputado admite que estão mais atrasadas do que no ano passado. O Governo ainda não apresentou nenhuma proposta e a saída dos secretários de estado dos assuntos fiscais e da administração pública ainda travou mais o progresso.