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Merkel: “Vamos fazer tudo ao nosso alcance para apoiar Portugal”
A chanceler alemã elogiou os progressos realizados em Portugal e prometeu estreitar a cooperação bilateral para apoiar sobretudo o emprego. Sobre o pós-troika, Angela Merkel disse que apoiará o Governo na opção que tomar mas acabou por sinalizar a preferência por uma saída limpa. Disse ainda acreditar num acordo em breve sobre o segundo pilar da União Bancária.
A chanceler alemã Angela Merkel teceu nesta terça-feira rasgados elogios aos progressos realizados em Portugal e prometeu estreitar a cooperação bilateral entre os dois países, tendo garantido estar disponível para fazer “tudo o que estiver ao [seu] alcance” para ajudar a dar continuidade ao processo de recuperação da economia e do emprego em Portugal. “Tenho grande consideração pelo que foi realizado em Portugal”, frisou.
Falando no final de um encontro bilateral com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, em Berlim, sobre o pós-troika a chanceler fez questão de sublinhar que se trata de uma decisão que cabe ao Governo português, que ainda há tempo para ponderar os prós e os contras e que apoiará Lisboa na opção que tomar (o programa termina em meados de Maio).
Mas Angela Merkel acabou por sinalizar alguma preferência por uma "saída limpa" ao sublinhar o facto de a economia portuguesa ter "crescido mais do que se previa" e de estar a beneficiar de uma crescente manifestação de confiança dos mercados, que disse estar a ser reflectida na descida das taxas de juro nos mercados secundários de dívida pública.
“É uma decisão que cabe ao Governo português” e “apoiaremos qualquer que seja a decisão tomada por Portugal”. “Mas globalmente podemos dizer que houve desenvolvimentos muito positivos”, acrescentou, depois de se ter referido ao regresso do crescimento à economia portuguesa e à descida das taxas de juro da dívida pública “não só de Portugal, mas também de Espanha e da Irlanda”, o que disse ser um sinal do “aumento da confiança” dos investidores na Zona Euro.
Angela Merkel desvalorizou, por seu turno, a falta de consenso entre os partidos do Governo e o PS, que pediu a intervenção externa e assinou o memorando original com a troika.
Questionada sobre se essa falta de sintonia não comprometia o rumo do país, a chanceler respondeu "não ter dúvidas" de que o maior partido da oposição apoia o "enquadramento orçamental acordado na Europa, não obstante poderem existir diferenças”. Essa garantia, acrescentou, foi-lhe renovada pelo próprio primeiro-ministro, que esteve ontem reunido durante três horas com António José Seguro.
O PS, tal como o PSD e o CDS-PP, aprovou o Tratado Orçamental, segundo o qual os Governos dos países europeus devem, em regra, elaborar Orçamentos equilibrados (o défice estrutural não pode, em norma, exceder 0,5% do PIB) e têm de reduzir progressivamente as respectivas dívidas públicas para o limite de 60%, ao ritmo anual de 1/20 da diferença entre o seu valor efectivo e este limite de referência.
A chanceler sinalizou ainda acreditar num acordo em breve sobre o segundo pilar da União Bancária. Em causa está o mecanismo de resolução e de financiamento de crises bancárias futuras, matéria que tem oposto Portugal à Alemanha, com Lisboa a defender ser necessário ter o quanto antes um fundo europeu (resultante da "fusão" dos fundos nacionais) com capacidade para financiar decisões de fecho ou de reestruturação de bancos que passarão a ser tomadas ao nível europeu, e não mais nacional.
(notícia actualizada às 14h10)