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Jerónimo acusa Governo de ter agravado pobreza e desigualdades
Jerónimo de Sousa diz que Passos Coelho faz "leituras distorcidas das estatísticas de desemprego" porque "redução não é sinal de recuperação, é sinal de emigração".
O líder comunista Jerónimo de Sousa pediu esta quarta-feira ao primeiro-ministro para ver a "realidade" e ouvir "o verdadeiro estado da Nação" no parlamento, mas Passos Coelho defendeu o "melhor caminho" seguido comparado com Irlanda e Grécia.
O líder do executivo da maioria PSD/CDS-PP reiterou a importância de Portugal ter completado o programa de assistência económico-financeira e apresentou a sua "realidade", de baixa do desemprego e algum crescimento económico que deixa o PCP "preocupado", a depender "de alguma desorientação do PS para crescer no futuro".
"Situemo-nos na realidade, escutemos o verdadeiro estado da Nação. É ou não verdade que, com o seu Governo, se acentuou o fosso entre ricos e pobres. Aumentou e concentrou a riqueza nas mãos de alguns, poucos, e aumentou a pobreza em muitos. Temos de recuar ao tempo da II Guerra Mundial para ver este nível acumulado de recessão económica (6%, em três anos)", contrapôs o secretário-geral comunista.
Jerónimo de Sousa acusou Passos Coelho de fazer "leituras distorcidas das estatísticas de desemprego" porque "redução não é sinal de recuperação, é sinal de emigração", acrescentando que os "cortes nos salários, pensões e reformas e a carga brutal de impostos empurraram centenas de milhar de trabalhadores e pensionistas para o limiar da pobreza ou para a pobreza".
"Acho bom situarmo-nos na realidade. Em 2011, o país, de facto, não tinha forma de fazer face às suas responsabilidades de curtíssimo prazo (salários, pensões e obrigações externas). Nesta altura, o país vive uma situação de confiança que lhe permite, apesar de qualquer volatilidade dos mercados, viver quase um ano sem pôr em causa essas políticas", respondeu o primeiro-ministro.
O líder governamental citou os exemplos irlandês e grego, países também intervencionados, que perderam "cerca de 10" e de "16 pontos percentuais" de riqueza, respetivamente, "em termos acumulados desde que a crise eclodiu".
"Aqueles com que nos podemos comparar perderam muito mais e destruíram muito mais produto do que nós. Vê nisso uma ocasião para castigar o Governo em vez de dizer que o caminho seguido foi melhor do que nesses países", afirmou Passos Coelho.
Para Jerónimo de Sousa, "o primeiro-ministro lida mal com os factos ou procura distorcê-los" e "há quem o considere incompetente", embora o PCP assegure de que "não é incompetência, é opção" e o "objectivo central é aumentar a exploração".
"Tendo hoje em conta a homenagem a Sophia, este Governo trata a cultura como um encargo, uma despesa", exemplificou ainda o líder do PCP, referindo-se à trasladação para o Panteão Nacional dos restos mortais da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen.
Passos Coelho criticou o PCP por achar "o défice virtuoso", que "trouxe o país ao endividamento e à ruína financeira" e por defender uma "política facilitista e populista, que o Governo combate".
"Não tente essa apropriação, daquilo que é de todos. Sophia de Mello Breyner não é contra este Governo nem a favor do PCP. Deixe lá Sophia de Mello Breyner de fora dessa conversa. Os cortes na cultura aconteceram como em todas as áreas da governação. Tiveram um propósito: garantir que conseguíamos atingir os nossos objectivos de défice orçamental", contrapôs o chefe do Governo.