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DBRS garante que "não é branda" com o 'rating' soberano de Portugal
Um responsável da DBRS afirmou hoje à Lusa que a agência de notação financeira "não é branda" na avaliação que faz a Portugal e que todas as notas "seguem a mesma metodologia robusta e o mesmo processo".
Na sexta-feira, um estudo do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, assinado por Annika Luisa Hofmann, Miguel Ferreira e João Lampreia, concluía que a DBRS é "mais branda" com Portugal do que com outros países, tendo inflacionado subjectivamente o 'rating' (avaliação do risco) atribuído à dívida pública portuguesa em um nível.
"Tanto a análise qualitativa como empírica demonstram que a DBRS tem um comportamento mais brando com Portugal, não só em comparação com as três maiores agências de 'rating', mas também perante as decisões de 'rating' que toma para com outros países", lê-se no documento.
Os autores acrescentaram que esta subjectividade "não indica necessariamente que o modelo de 'rating' da DBRS é impreciso", mas que a transparência na metodologia usada "é significativamente baixa".
Questionado pela Lusa sobre esta matéria, Nichola James, co-responsável pelo departamento de 'ratings' soberanos da agência de notação financeira canadiana, a única que coloca Portugal um nível acima do não investimento (o chamado 'lixo'), disse que "todos os 'ratings' da DBRS seguem a mesma metodologia robusta e o mesmo processo" e que "não há brandura".
Nichola James afirmou que "as classificações de crédito soberano da DBRS são pareceres prospectivos para avaliar a capacidade de crédito de um emissor" e "são baseadas em análises quantitativas e qualitativas de acordo com as metodologias, os modelos e os critérios aplicáveis".
Os 'ratings' da DBRS procuram responder a uma questão: "Qual a probabilidade de um emissor repagar a sua dívida total e atempadamente?", explicitou James, defendendo que esta abordagem "tende a gerar menos volatilidade".
No caso concreto de Portugal, Nichola James referiu que a DBRS olha para a adesão à União Europeia e às suas regras como um factor que "promove políticas macroeconómicas credíveis" e que "dá acesso a instrumentos financeiros das instituições europeias" e indica que "isso suporta fortemente o 'rating' soberano, contribuindo para a estabilidade do 'rating'".
Actualmente, as três maiores agências de notação financeira qualificam Portugal com 'rating' de não investimento e só a canadiana DBRS coloca o país fora do 'lixo', estando no nível mais baixo de investimento.
O 'rating' atribuído pela Moody's a Portugal é de Ba1 e tanto a Standard and Poor's (s&P) como a Fitch atribuem uma nota de BB+ ao país, ao passo que a DBRS coloca Portugal no nível de BBB (low) com perspectiva estável.