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Credit Suisse: Recuperação da economia portuguesa "é genuína e deverá continuar”

A casa de investimento destaca os “sinais claros de recuperação” da economia portuguesa, mas realça que há riscos relacionados com as avaliações da troika ao programa de resgate, nomeadamente se não foram flexibilizadas as condições. Portugal já conseguiu recuperar a competitividade perdida na primeira década do euro, essencialmente devido à queda dos salários, diz a nota de análise.

03 de Outubro de 2013 às 13:52
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“A economia portuguesa surpreendeu pela positiva nos últimos meses, demonstrando claros sinais de recuperação”, realça a casa de investimento numa nota de análise a que o Negócios teve acesso. O Crédit Suisse salienta as melhorias dos índices de confiança dos empresários, dos indicadores de procura interna e externa, o que “indica que a recuperação da economia é genuína e que deverá continuar.”

 

Os riscos para este cenário de recuperação estão relacionados com as avaliações do programa de ajustamento e às consequências políticas provocadas por isso.

 

Apesar do crescimento económico registado no segundo trimestre do ano (1,1% face aos três meses anteriores), o Credit Suisse prevê um terceiro trimestre “mais fraco”, uma vez que a variação de "stocks", que contribuiu fortemente para o comportamento do segundo trimestre, não deverá voltar a ocorrer. “Dito isto, o sector dos serviços deverá registar um crescimento robusto no terceiro trimestre, sobretudo graças ao turismo.” A casa de investimento aponta para que as vendas a retalho e a recuperação económica do resto da Europa ajudem a suportar as exportações de Portugal.

 

O Credit Suise realça que “a incerteza relacionada com as avaliações do programa da troika ofuscou a melhoria da economia”. O banco de investimento acredita que “uma nova ajuda financeira para os próximos anos deve ser acordada no Outono”, sendo que esta ajuda deverá ser prestada através de uma linha de crédito do fundo europeu criado para este efeito. O Credit Suisse “não acredita que faça parte deste pacote perdas para os detentores privados de dívida.”

 

“A implementação do programa tem sido satisfatória até agora, mas há sinais de fadiga, especialmente no lado fiscal: constrangimentos políticos e legais têm sido um entrave na execução de políticas”, realçam os analistas que assinam a análise. O Credit Suisse salienta que se a troika não flexibilizar as metas do programa de ajustamento de Portugal pode “aumentar os riscos políticos”.

 

O Crédito Suisse prevê que a economia portuguesa contraia 1,9% este ano, mas cresça 1% em 2014.

 

Quanto à Zona Euro, a casa de investimento realça que os indicadores comprovam a saída de recessão. Contudo, “não se espera uma recuperação particularmente vigorosa”. Assim o Credit Suisse estima que a Zona Euro cresça 1,3% em 2014, depois de uma contracção de 0,2% este ano.

 

Descida de salários impulsiona competitividade

 

A casa de investimento realça ainda que Portugal, assim como Espanha, já conseguiu recuperar a competitividade perdida na primeira década do euro, devido essencialmente à queda dos salários.

 

O Credit Suisse salienta que a taxa de câmbio efectiva real, estimada com os custos unitários do trabalho, “caiu tão depressa nos últimos anos que a maior parte da perda de competitividade da primeira década do euro foi recuperada.” O que “significa que um crescimento sólido das exportações pode ser sustentável”.

 

Além disso, a casa de investimento considera que os programas de resgate de Portugal, Irlanda e Grécia “precisam de ser revistos”, ainda que de formas diferentes. “Esperamos que o apoio seja estendido de diferentes maneiras nos três países, com a Irlanda a receber uma linha de crédito cautelar, Portugal a receber um reforço através de uma linha de crédito com condições e a Grécia a ter fundos adicionais para cobrir as necessidades de financiamento.”

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