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Centeno espera avaliações mais positivas das agências de rating sobre Portugal

O ministro das Finanças acredita que as agências internacionais vão incorporar os desenvolvimentos no mercado de trabalho e na economia na sua avaliação. E recusa que o Governo tenha revogado as reformas feitas na era da troika.

Bruno Simão
22 de Novembro de 2016 às 11:45
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O ministro das Finanças acredita que as agências de rating que acompanham e classificam a dívida soberana portuguesa venham, em breve, a fazer avaliações diferentes das actuais, incorporando os desenvolvimentos registados na banca e no emprego.


A convicção é deixada esta terça-feira, 22 de Novembro, numa entrevista de Mário Centeno ao jornal alemão Bild. "Estou relativamente certo de que essas agências em breve farão outras avaliações, sobretudo por causa da estabilização do nosso sector financeiro, do crescimento mais estável e de dados de estabilidade do mercado de trabalho," afirma o governante.


Entre as quatro maiores agências (Standard & Poor’s, Fitch, Moody’s e DBRS) que seguem a dívida portuguesa, apenas a última, de origem canadiana, atribui um nível de investimento às obrigações portuguesas, tornando-as elegíveis para o programa de compras de activos do Banco Central Europeu (BCE).

Nas respostas ao jornalista do Bild, Centeno reafirma ainda o compromisso de Portugal com as instituições europeias, negando que tenham sido invertidas reformas e que, antes das eleições que acabariam por desembocar com o PS no Governo, sustentado pelos países à esquerda, a economia estava em estagnação.

"É totalmente errado. Não revogámos nenhumas reformas! Pelo contrário. As coisas estão a melhorar em Portugal.(…) Temos agora uma tendência muito positiva no mercado de trabalho, aumento do emprego, crescimento estável. (…) Não mudámos nada!," afirma.

Centeno garante ainda que o seu homólogo alemão, Wolfgang Schäuble pode confiar em si – "Ele também sabe disso," afirma – e refuta críticas sobre o impacto do aumento do salário mínimo, defendendo que os portugueses dedicam mais horas por semana ao trabalho do que os alemães.

"Olhe, um empregado em Portugal trabalha em média mais 400 horas por ano do que um empregado na Alemanha. A pressão sobre as famílias é muito grande em Portugal. Temos de ter isto em conta. (…) Queremos tornar a administração pública mais produtiva, porque é uma parte importante da nossa economia," justifica.

Numa troca de perguntas e respostas aparentemente hostil, Centeno é questionado sobre se as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento são para violar de vez em quando. A resposta é pronta: "Tal como os alemães fizeram em 2002 e 2003?". "Ou como vocês, em 2015?," volta a questionar o jornalista.

Centeno afirma depois que o Governo leva "muito a sério" as regras de Bruxelas. "Mas acho que esta série de regras tem muito espaço para melhorar. Um dia teremos de renovar e substituir esta regra!"

E defende que, no caso da Grécia, depois de as reformas serem implementadas, a porta estará aberta para renegociar a dívida. Mas que cabe ao Eurogrupo iniciar as conversações. "O ministro Schäuble está num dilema. E vamos ajudá-lo, e ao Eurogrupo, a resolver esse dilema. (…) Uma palavra sobre [a participação d] o FMI: Estamos numa união monetárias com instituições muito fortes. Estamos aptos a lidar sozinhos com a maioria dos problemas – mesmo sem o FMI. "

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