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Austeridade prejudicou a economia e o Estado, diz Observatório sobre Crises e Alternativas

"Think-tank" coordenado por Manuel Carvalho da Silva contesta as políticas anti-crise dos últimos anos: não é possível equilibrar o défice em recessão. E o preço a pagar foi uma recessão maior e um Estado pior, defende.

18 de Novembro de 2014 às 19:20
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Cinco anos depois do arranque da austeridade em Portugal e oito após o espoletar da Grande Recessão os resultados das políticas anticrise desapontam, diz o Observatório sobre Crises e Alternativas que, numa análise publicada terça-feira, 18 de Novembro, defende que equilibrar o défice num contexto de recessão é tarefa próxima do impossível. O preço a pagar pelos erros dos últimos anos foi um desempenho económico pior que o que resultaria das forças da recessão e uma desestruturação do Estado, que deveria ter sido evitada, defende a equipa coordenada por Manuel Carvalho da Silva.

 

"A evolução das contas públicas entre 2007 e 2015 ilustra a extrema dificuldade, ou mesmo a impossibilidade, de equilibrar as contas do Estado num contexto de recessão. As políticas de "consolidação orçamental", ao forçarem o reequilibro contraíram a actividade económica", lê-se na última edição da publicação "Barómetro das Crises", na qual se defende que essa estratégia "aprofundou a recessão e, sem reduzir o défice, impôs mais custos para uma provisão pública de bens serviços e uma protecção social menos acessível e de pior qualidade". 

 

A análise compara as principais variáveis macroeconómicas e orçamentais de 2007 e com as previsões inscritas na proposta de Orçamento do próximo ano, e conclui que, oito anos depois o défice está em linha com o de 2007 – na casa dos 5 mil milhões de euros – o que foi conseguido por um aumento nominal da despesa de 9,7% (puxado por juros e gastos sociais, com crescimentos de 71% e 22%, respectivamente) e uma subida da receita de 10,7% (justificada exclusivamente por mais IRS e IVA, uma vez que a receita de IRC caiu). O PIB estará ainda 5% abaixo ao de 2007 em termos reais, com menos 500 mil empregos ocupados. 

 

"A imagem que emerge do orçamento para 2015 é a de um Estado deformado pelo serviço da dívida e outras despesas que aumentaram, algumas por causas estruturais, outras induzidas pela própria recessão e por uma colecta fiscal injustamente repartida", defende o "think-tank".

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