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Quem diz o quê sobre a Grécia

Quem tem boca vai a Roma. Mas nos últimos dias todos os caminhos vão dar a Atenas. Muito se tem escrito e dito sobre o futuro incerto da Grécia. Leia as declarações mais recentes e a opinião dos líderes europeus sobre os desenvolvimentos em torno de Atenas.

5 de Junho – Tsipras reagindo às proposta recebidas pelos credores. 

“As propostas apresentadas pelos credores são irrealistas. O governo grego não pode concordar com propostas absurdas”.
Reuters
Negócios 29 de Junho de 2015 às 18:11
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Na passada sexta-feira, 26 de Junho, Alexis Tsipras, a reunião do Governo grego terminou com o primeiro-ministro a anunciar que vai convocar os gregos para decidirem, em referendo, as medidas propostas pelos credores.

 

Este domingo, Atenas anunciou que os bancos gregos irão encerrar até dia 7 de Julho e decretou a imposição de controlo de capitais que limita a 60 euros o montante máximo de levantamentos por dia. Uma decisão que Comissão Europeia considerou em comunicado como justificável. "Manter a estabilidade do sistema financeiro é o principal desafio imediato para o país", afirma a Comissão Europeia.

"Gostaria de solicitar que o vosso Governo reexaminasse a sua posição neste tema e apoiasse a reconsideração, por parte dos ministros das Finanças da Zona Euro, do pedido da República Helénica, com vista a concedê-lo", escreveu Tsipras na carta enviada aos ministros das Finanças e com data de 28 de Junho a pedir a extensão do programa de ajuda à Grécia.

Jonathan Hill, o comissário europeu para os Serviços Financeiros, alertou que o controlo à saída de capitais da Grécia não pode ser usado indefinidamente. "Apesar de as medidas restritivas impostas serem necessárias e proporcionais neste momento, a livre circulação de capitais terá, contudo, de ser reinstalada o mais brevemente possível para o bem da economia grega, da Zona Euro, e do mercado único europeu como um todo", indica o responsável comunitário no comunicado.

Ainda no domingo, a secretária-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, reiterou em comunicado o seu "compromisso de continuar a colaborar com as autoridades gregas", defendendo "uma abordagem equilibrada" para salvar a Grécia. "Informei o conselho executivo do FMI do desfecho inconclusivo das recentes negociações com a Grécia em Bruxelas. Partilhei o meu desapontamento e salientei o nosso compromisso de continuar a colaborar com as autoridades gregas", revela Christine Lagarde numa nota enviada às redacções.

 
Segundo a Bloomberg, numa conversa ao telefone, François Hollande e Barack Obama concordaram na necessidade de uma retomar as negociações com a Grécia. Antes desta conversa com o presidente dos EUA, Hollande tinha dito aos jornalistas
 que "a solidariedade é sempre possível quando a responsabilidade também existe". No twitter, Hollande escreveu que o acordo ainda é possível e que França continua disponível para o diálogo. Já o ministro das finanças francês, Michel Sapin, acredita que a saída da Zona Euro é um risco e possibilidade.

Pierre Moscovici, comissário europeu, desdobrou-se em mensagens através do Twitter, reiterando o facto de "as portas da Comissão Europeia continuarem abertas".


"A bola está do lado grego". A declaração é de Ewald Nowotny, membro do Banco Central Europeu e governador do banco central da Áustria, que citado pela Reuters acredita que a maioria dos gregos quer ficar na Zona Euro.

 

Do lado do "sim" no referendo estão o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Schulz admite visitar a Grécia para convencer os gregos a "aceitarem a mão aberta dos europeus e ficarem na Zona Euro", afirmou, citado pela Bloomberg.

Juncker está "profundamente entristecido e aflito". O presidente da Comissão Europeia sublinhou que as instituições mantêm a "porta aberta" para prosseguir as negociações com Atenas. Todavia, garante que "as propostas são as mesmas que estavam em cima da mesa no passado sábado" e que a Comissão Europeia divulgou este domingo. "Digo ao povo grego que não deve cometer suicídio por ter medo da morte".

Para a chanceler alemã, "se o euro falhar, a Europa falha", disse Angela Merkel num encontro do CDU, em Berlim. A Europa tem de ser capaz de procurar compromissos para enfrentar os desafios com que se depara, avisou. Merkel, defende que à Grécia foi oferecido "um programa extraordinariamente generoso". De acordo com a Bloomberg, a líder alemã adiantou não "descartar" mais negociações com as autoridades gregas. Angela Merkel assinalou também que a Grécia é um desafio decisivo para a Zona Euro e que a Europa pode responder de uma forma mais robusta aos problemas do que há cinco anos. Foi em 2010 que a Grécia pediu o primeiro pacote de ajuda financeira. Sigmar Gabriel, vice-chanceler, presente também na conferência de imprensa na capital alemã, adiantou que Atenas em termos "políticos e ideológicos quer outra Zona Euro". A "Grécia tinha a intenção de ganhar ajuda sem comprometer-se com esforços reais", acrescentou.

Em Portugal, o tom é de confiança. "O euro não vai fracassar, é uma ilusão o que se diz". As palavras são de Cavaco Silva que acredita que a zona Euro "irá sobreviver com a mesma força que teve no passado". Citado pela Lusa, o Presidente da República diz esperar que a Grécia não saia da Zona Euro, mas relembra que a Zona Euro é composta por mais 18 países para além da Grécia. Cavaco destacou ainda a existência de outros países que querem aderir à região.

Também o ministro das Finanças alemão, Schäuble, acredita que um potencial incumprimento da Grécia só afectaria a própria e não os restantes estados-membros, numa carta a que a Bloomberg teve acesso.

Um cenário com o "não" como a escolha grega dificultará a permanência na Zona Euro, disse o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, durante uma entrevista à BBC Radio 4 e citado pelo The Guardian.

Do primeiro-ministro das finanças de Áustria vem a esperança de "uma solução sensata", cita a Bloomberg. Hans Schelling deixa, no entanto, críticas: "Estamos preparados para negociar mas temos de ter em mente que foi a Grécia que deixou as negociações".


Mais radical é a opinião do primeiro-ministro espanhol. Mariano Rajoy assegurou hoje que a Espanha não vai passar por uma crise financeira semelhante à da Grécia "porque Espanha é um país sério e teve um governo sério". "A previsão de crescimento da Grécia para este ano era de 3%. Bem, depois da chegada ao Governo das pessoas que assumem a responsabilidade, infelizmente a Grécia vai ter um crescimento negativo este ano. Esta é a diferença entre as políticas sérias e as que não são tão sérias", cita a Lusa. Sobre a realização do referendo grego, Rajoy recordou que a Grécia "rompeu unilateralmente as negociações com a União Europeia". Quando estamos numa organização temos direitos, podemos pedir coisas, a solidariedade dos outros, mas também há obrigações", salientou. Para o primeiro-ministro espanhol "a União Europeia foi muito solidária para com a Grécia".

Mas nem todos os ventos correm na mesma direcção em Espanha. "Não podemos aceitar como hipótese razoável que a Grécia saia do euro. Qualquer alternativa é má.", disse o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos.

O ministro cipriota das finanças, Harris Georgiades, em declarações à Bloomberg Tv, afirmou que está muito preocupado com a situação da Grécia e espera que as medidas de controlo de capitais tenham um carácter temporário. "Estou muito preocupado com a população grega e espero que haja uma forma de sair desta difícil situação", revelou Georgiades, citado pelo The Guardian.

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