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UE vai abordar com Trump restrições às exportações chips de IA decididas por Biden
Novas regras para a exportação de chips utilizados em inteligência artificial traduzem-se numa diferença de tratamento entre Estados-membros. Portugal, por exemplo, está num nível intermédio. constando da lista dos países que terão limites à importação, enquanto Espanha figura entre isentos.
Bruxelas vai manifestar preocupação junto da administração de Donald Trump relativamente à decisão da anterior, liderada por Joe Biden, de impor restrições à exportação de chips de inteligência artificial (IA) dos Estados Unidos, como os fabricados pela Nvidia, para alguns Estados-membros da União Europeia (UE), incluindo Portugal.
Num dos últimos atos, a uma semana de abandonar a Casa Branca, Joe Biden introduziu um sistema, dividido em três níveis, com novas regras para a exportação de tecnologias de inteligência artificial para facilitar as vendas a parceiros e impedir adversários como a China de terem acesso a componentes críticos no âmbito da inovação tecnológica. O primeiro nível abarca 18 aliados-chave, incluindo Canadá, Reino Unido, Japão ou Taiwan e vários Estados-membros da UE, entre os quais Alemanha, Bélgica, França, Itália e Espanha, que ficam isentos das restrições. Já num segundo grupo, intermédio, que cobre a maior parte do globo, os Estados Unidos colocaram a Polónia e outros aliados no leste da Europa, assim como Portugal, o que significa que enfrentam limites nas quantidades de processadores que podem importar. Já do terceiro grupo fazem parte China e Rússia, para onde as exportações de semicondutores de IA ficam banidas.
A informação de que a UE pretende expressar preocupação junto da nova administração dos Estados Unidos, depois de já o ter feito publicamente quando a anterior ainda estava no poder, foi adiantada à Bloomberg por fontes próximas do processo, que falaram sob a condição de anonimato, que apontaram que a medida vai contra o mercado único da UE ao tratar os Estados-membros de forma diferente. Além disso, referiu uma das fontes, também dificultará a inovação no leste do bloco, favorecendo de modo injusto as empresas da Europa ocidental de uma forma geral.
O ministro dos Assuntos Digitais da Polónia, Krzysztof Gawkowski, afirmou que a decisão da Casa Branca era "incompreensível" sustentando que "não se baseia em nenhuma razão substancial". Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Estónia e Lituânia também apontaram, num comunicado conjunto, que a medida mina o desenvolvimento dos seus ecossistemas nacionais de IA.
As medidas têm um prazo de entrada em vigor definido de 120 dias para "dar tempo à nova administração" de fazer as alterações que pretender, segundo indicou a anterior secretária do Comércio dos EUA, Gina Raimondo.