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Petição contra ida de Barroso para Goldman Sachs reuniu 151 mil assinaturas

Um grupo de funcionários das instituições europeias deslocou-se esta quarta-feira à sede da Comissão Europeia para entregar uma petição a reclamar "medidas fortes" na sequência da ida de Durão Barroso para a Goldman Sachs, que reuniu 151 mil assinaturas.

José Manuel Durão Barroso, que agora é 'chairman' do Goldman Sachs International, é o 6.º Mais Poderoso de 2016.
12 de Outubro de 2016 às 12:43
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Lançada após o anúncio, em Julho passado, de que o antigo presidente da Comissão Europeia (2004-2014) iria assumir o cargo de presidente não-executivo do banco de investimento norte-americano, a petição, aberta a funcionários e cidadãos europeus, aponta que este é "mais um exemplo da prática irresponsável da ‘porta giratória’ altamente prejudicial para as instituições da União Europeia e que, embora não seja ilegal, não deixa de ser moralmente repreensível" e "desonra a função pública europeia e a própria UE".

 

Entregue esta quarta-feira, 12 de Outubro, na Comissão, no Conselho e no Parlamento Europeu, as três maiores instituições da UE, a petição apela ao reforço de medidas para evitar situações semelhantes no futuro, mas reclama também, no caso concreto da ida de Durão Barroso para a Goldman Sachs, que este caso seja levado ao Tribunal de Justiça, para determinar se todas as regras foram efectivamente cumpridas e se o antigo presidente respeitou "os seus deveres de integridade e discrição relativamente à União Europeia".

 

Um dos promotores da iniciativa, um antigo funcionário da Comissão, que se deslocou à sede do executivo comunitário, com outros funcionários europeus para entregar a petição e as mais de 150 mil assinaturas recolhidas, garantiu que não se trata de "nada de pessoal" contra Durão Barroso, nem tão pouco é "discriminatório", como o antigo presidente alega, argumentando que este caso concreto foi no entanto "a gota de água" que provocou este abaixo-assinado inédito, em defesa do bom nome dos funcionários públicos europeus.

 

"Para ele (Barroso) talvez seja discriminatório. Mas é necessário colocar a questão num contexto global: há anos que os funcionários da Comissão e a função pública europeia são atacados no exterior sem que haja verdadeira reacção. Fomos atacados antes do 'Brexit', sem que houvesse grande reacção, e depois do 'Brexit' tivemos este 'caso Barroso', que foi a gota de água que fez transbordar o copo. Não é nada pessoal contra Barroso", disse Michel Vandenaunt aos jornalistas.

 

Admitindo que já houve outros casos semelhantes envolvendo membros de anteriores Comissões, que não mereceram semelhante repúdio público - como tem invocado Durão Barroso, que considera por isso estar a ser vítima de "discriminação" -, o antigo funcionário sublinhou todavia que este caso é particularmente grave, pois trata-se de um antigo presidente da Comissão "que passou para o inimigo", referindo-se à Goldman Sachs, "que desestabilizou toda a Europa com o problema grego".

 

Realçando também que a iniciativa não tem qualquer cariz político, Vandenaunt apontou que o grande objectivo é "pedir à Comissão maior transparência", "mais ética e reforço das regras processuais", assim como "o eventual recurso para o Tribunal de Justiça para avaliar se Barroso respeitou as regras de ética".

 

Embora não esteja "explicitamente mencionada" nas reivindicações, o antigo funcionário apontou que seria também "absolutamente normal" que a pensão que Durão Barroso passou a receber pelo exercício de 10 anos como presidente da Comissão "seja revista em função daquilo que vai ganhar para a Goldman Sachs".

 

O actual presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, anunciou em Setembro que um comité de ética ad-hoc iria examinar o contrato do seu antecessor com o Goldman Sachs Internacional, e que já dera instruções ao seu gabinete para tratar Durão Barroso como qualquer outro lobista com ligações a Bruxelas, retirando assim os privilégios concedidos a antigos presidentes.

 

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