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Papa diz que projecto europeu "arrisca-se a morrer" sem ideais como "a solidariedade"

O papa Francisco afirmou hoje, por ocasião das celebrações dos 60 anos dos Tratados de Roma, que a Europa "arrisca-se a morrer" se não voltar a encontrar os ideais dos pais fundadores do projecto europeu como "a solidariedade". 

Reuters
24 de Março de 2017 às 19:13
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O papa falava no Vaticano diante dos 27 líderes europeus que vão participar no sábado em Roma nas comemorações do 60.º aniversário dos Tratados fundadores da União Europeia (UE), numa cerimónia na qual vão adoptar uma declaração sobre o futuro da Europa.

 

"Quando um corpo perde o sentido de direcção e não é mais capaz de olhar em frente, sofre um retrocesso e, a longo prazo, arrisca-se a morrer", declarou Francisco.

 

A celebração dos Tratados de Roma ocorre num contexto particularmente difícil para a UE, que se prepara para, pela primeira vez, perder um Estado-membro, o Reino Unido, tendo lugar quatro dias antes de Londres enviar para Bruxelas a notificação de activação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa, que desencadeará as negociações para a concretização do 'Brexit', um dos maiores reveses da história da União.

 

Num discurso qualificado como contundente pelas agências internacionais, o papa argentino advertiu os líderes europeus que a UE precisa no futuro de uma nova visão que tenha como base os princípios de solidariedade que estiveram presentes na sua fundação.

 

Segundo Francisco, os muitos problemas que afectam a Europa, como a crise económica e migratória e o crescimento do populismo, podem ser superados, mas, como frisou, podem ser fatais se não forem tratados.

 

Na mesma intervenção, o papa mencionou que os líderes dos seis países fundadores da então Comunidade Económica Europeia - Bélgica, França, Itália, Luxemburgo, Holanda e República Federal da Alemanha (RFA, Alemanha ocidental) -- a 25 de Março de 1957 mostraram fé no futuro no rescaldo de uma guerra destrutiva.

 

"Não tiveram falta de ousadia, nem agiram tarde de mais", prosseguiu Jorge Bergoglio, acrescentando: "Foi claro desde o início que o coração do projecto político europeu só poderia ser o próprio homem".

 

O papa e bispo de Roma salientou ainda que "o primeiro elemento da vitalidade europeia deve ser a solidariedade", descrevendo este princípio como "o antídoto mais eficaz contra as formas modernas de populismo".

 

E exortou os líderes europeus a resistirem a "falsas formas de segurança" prometidas por populistas que desejam um futuro feito de isolamento e não de solidariedade e de união.

 

"A Europa encontra uma nova esperança quando ela recusa ceder ao medo ou fechar-se em falsas formas de segurança", disse.

 

"A política precisa deste tipo de liderança que evita apelar às emoções para obter o consentimento mas que, em vez disso, num espírito de solidariedade e de subsidiariedade, desenvolve políticas que podem fazer da união um todo que se desenvolve harmoniosamente", concluiu Francisco.

 

 

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