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Moody’s ameaça cortar rating se Reino Unido sair do Mercado Único

Se a saída de Londres do clube dos 28 implicar também uma exclusão do mercado único europeu, Londres pode enfrentar um corte de notação, avisa a agência, que vê contudo espaço para um acordo de livre comércio com o Velho Continente.

Reuters
02 de Novembro de 2016 às 11:46
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As negociações para o Brexit ainda nem sequer começaram mas uma das maiores agências de notação financeira já deixou o aviso: se a saída do Reino Unido da União Europeia implicar também uma exclusão do mercado único europeu, Londres pode preparar-se para um corte de rating.

A ameaça é da Moody’s, em nota publicada esta quarta-feira, 2 de Novembro, no seu site, a cerca de cinco meses do prazo estabelecido pelo Governo de Theresa May (final de Março) para activar o artigo 50 do Tratado de Lisboa – que desencadeia as negociações para a saída da família dos 28.

"Cortaremos o rating soberano do Reino Unido se o resultado das negociações com a União Europeia resultar na perda de acesso ao Mercado Único uma vez que prejudicará materialmente as suas perspectivas de crescimento de médio prazo," afirmou Kathrin Muehlbronner, vice-presidente da Moody’s.

Assim, se essa perda de acesso tiver impacto no crescimento do médio prazo ou se a credibilidade da política orçamental ficar ameaçada, o Tesouro britânico pode dizer adeus ao actual nível – Aa1, o segundo melhor em termos de qualidade de crédito de acordo com a escala da Moody’s, mas com perspectiva negativa.

A empresa aguarda agora pelo Boletim de Outono do Reino Unido, esperado para o próximo dia 23, para perceber se a posição orçamental do país pode ou não estar ameaçada de fragilização.

Para a agência, a decisão de saída do Reino Unido terá sempre um impacto negativo na economia, podendo piorar ou melhorar e acordo com aquela que for a relação comercial estabelecida com os futuros ex-parceiros do continente europeu. A expectativa é que Londres consiga chegar a um acordo de comércio livre com a União Europeia – "um cenário realista" mas "longe de ser dado como certo." Tudo dependerá da extensão e da rapidez com que esse acordo vier a ser alcançado.

É agora pouco provável que não venha a haver uma saída do Reino Unido da União Europeia, estima a agência, que antecipa negociações prolongadas e que podem estender-se para lá do período de dois anos previsto no tratado.

Para os bancos que operam no mercado britânico, a perda do acesso livre aos mercados financeiros do continente também seria negativo para o rating do país, mas uma situação contornável, com o maior impacto a ser sentido nos custos de reestruturação e na redução temporária da sua rentabilidade.

Na sexta-feira, outra agência - desta vez a S&P - manteve o "rating" do país em AA (o terceiro degrau em termos de qualidade de crédito na escala da empresa) bem como a perspectiva negativa, o que sinaliza a possibilidade de um corte de notação num futuro próximo caso entenda que as condições se degradaram. 

(Notícia actualizada às 12:04)

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