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Empresas britânicas pedem para que trabalhadores da UE voltem após o Natal

Em toda a Europa, as empresas estão a desejar festas felizes aos seus trabalhadores e esperam um ano novo produtivo quando voltarem ao trabalho em 2018.

Neil Hall/Reuters
24 de Dezembro de 2017 às 13:00
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Por causa do  Brexit, a situação é um pouco diferente no Reino Unido. As empresas que dependem da mão-de-obra de países da União Europeia receiam que os funcionários que irão passar o Natal com a família na Europa continental decidam ficar por lá.

A desvalorização da libra desde o referendo do ano passado, que decidiu a saída da UE, prejudicou os salários desses trabalhadores; à medida que a separação entre a UE e o Reino Unido se aproxima, há incerteza em relação ao seu "status" legal; e talvez estes trabalhadores simplesmente não se sintam bem-vindos.

Já está a acontecer. Durante o Verão boreal, a fabricante de fornos Aga Rangemaster fechou durante duas semanas a sua fábrica em Leamington Spa, na região central da Inglaterra, como todos os anos. Quando reabriu, apenas 32 dos 50 trabalhadores temporários, oriundos principalmente da Europa Oriental, tinham voltado.

"Descobrimos que muitas das pessoas tinham voltado para a parte continental, a maioria estava a trabalhar na Alemanha por um câmbio que agora é realmente alto", disse Richard Marchington, director de vendas da Apex Recruitment, empresa usada pela Aga para encontrar os trabalhadores. "Existe um sentimento por trás disso também, que é o facto dessas pessoas sentirem que não são bem-vindas neste país."

Mar da Incerteza

Mesmo antes da saída do Reino Unido da UE, programada para Março de 2019, o impacto do Brexit sobre a imigração já é evidente. A imigração líquida no período de um ano encerrado em Junho registou uma queda recorde de 106.000 — dados que precedem as saídas relatadas do Verão boreal.


"Este não é um bom momento do ano, porque as pessoas voltam para casa e pensam sobre o seu futuro", disse  Paul Drechsler, presidente do principal grupo comercial do Reino Unido, a Confederação da Indústria Britânica. "Se o futuro for ‘estou a repatriar 20% menos do que há um ano por causa da taxa de câmbio’ ou ‘eu posso perder o emprego nos próximos 12 meses’, vão tomar decisões desse tipo" e irão embora.


"Isso está a acontecer a um ritmo constante", disse Paul Drechsler. "Se você tem 30 anos e está a pensar começar uma família, você não tende a fazer isso num mar de incerteza."


Drechsler elogiou um acordo assinado este mês pela primeira-ministra Theresa May com os seus pares da UE sobre os direitos dos cidadãos de ambos após o Brexit, mas também salientou o que May e os seus ministros enfatizam com frequência: "não há nada resolvido enquanto tudo não estiver resolvido".

Isso confere aos cidadãos da UE que moram no Reino Unido um carácter "um pouco mais transitório", disse Stephen Phipson, CEO do grupo industrial EEF.


Cerca de 11% da mão-de-obra do Reino Unido vem dos países da UE. "O medo é que, depois de voltarem a casa para o Natal, será que eles voltarão para o trabalho em Janeiro?", pergunta Phipson.


Como a taxa de desemprego caiu para níveis históricos, o problema para os empregadores britânicos é que eles dependem muito da mão-de-obra europeia que o governo agora quer restringir. A experiência da Aga, que fabrica os famosos fogões que são um item básico das casas rurais de classe média, está longe de ser uma excepção.

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