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Caldeira Cabral: Críticas de Schäuble a Portugal são "irresponsáveis"
Em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, diz que as críticas do ministro das Finanças da Alemanha desestabilizam a União Europeia.
Manuel Caldeira Cabral considera que as críticas do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, em relação à política económica do Governo português, são "irresponsáveis".
Em entrevista ao Handelsblatt, o ministro português da Economia diz ainda que os comentários de Schäuble e do presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, Klaus Regling – que no passado dia 27 de Outubro disse que a reversão de cortes na função pública em Portugal "deve ser vista com preocupação" – podem "pagar um preço elevado, não apenas nos países criticados mas também nos seus próprios países, uma vez que desestabilizam a Europa".
O Handesblatt promove a entrevista a Caldeira Cabral, dizendo que o ministro português da Economia defende a posição de saída da austeridade por parte do seu Governo. "Caldeira Cabral afirma que o governo socialista capitalizou os bancos do país e que está a caminho de reduzir o défice orçamental de 3,1% para 2,4% do PIB, a maior descida numa década", refere o jornal alemão.
"A melhor garantia que podemos dar aos investidores é a consolidação das finanças públicas. Nós conseguimos isso", salienta Caldeira Cabral nesta entrevista.
E "ataca" quem aponta o dedo ao país: "os representantes de instituições europeias e de outros governos da União Europeia devem cuidar dos seus próprios problemas, em vez de passarem o tempo a criticar-nos".
O ministro da Economia refere ainda, na mesma entrevista, que a especulação em torno da necessidade de Portugal poder vir a precisar de um segundo resgate "está longe da realidade".
Schäuble, recorde-se, afirmou no passado dia 26 de Outubro que Portugal ia no bom caminho até mudar de Governo. As reacções não se fizeram esperar e o primeiro-ministro, António Costa, respondeu que só costuma dar atenção a alemães que conhecem Portugal.
Já Regling chamou a atenção para a necessidade de Portugal não inverter o rumo das reformas económicas, nomeadamente pelo prejuízo que isso pode ter na competitividade do país, recorrendo à reversão nos cortes dos salários dos funcionários públicos como exemplo.