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Bruxelas propõe mutualização dos fundos nacionais de resolução de bancos

A Comissão Europeia quer ter o poder de desencadear o processo de reestruturação de um banco sinalizado como problemático. Mas propõe a criação de uma nova Agência, com 300 funcionários, para, ao lado do BCE, avaliar os riscos do sector. Fundos nacionais financiados pelos bancos devem ser fundidos num grande fundo europeu. Dinheiro público, nacional ou europeu, só voltará a salvar bancos em última instância.

10 de Julho de 2013 às 13:07
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Depois de se ter acordado centralizar a supervisão bancária no BCE e definido um “manual europeu” para lidar com bancos em apuros que coloca os Estados (e seus contribuintes) como última opção para viabilizar qualquer instituição financeira, a Comissão Europeia avançou hoje com mais um pilar da união bancária, ao propor a criação de um Mecanismo de Resolução Comum de crises bancárias.

 

“Quando falamos do sector bancário na União Europeia falamos de uma fragmentação que se está a tornar insuportável: temos cada vez mais bancos transnacionais, mas as autoridades de supervisão e de resolução são nacionais. Isto não pode continuar assim”, contextualizou o comissário Michel Barnier, na apresentação  das propostas da Comissão sobre quem pode e deve sinalizar um banco em apuros, obrigar à sua resolução (no limite, à sua liquidação) e que mecanismos europeus devem estar disponíveis para apoiar o financiamento desse processo.

 

“Hoje pomos em cima da mesa os meios e os instrumentos necessários a uma reparação rápida e organizada de bancos”, afirmou o comissário dos Serviços Financeiros.

 

De acordo com a proposta apresentada aos Governos e Parlamento Europeu, a Comissão Europeia quer ter o poder de “premir o botão” e desencadear o processo de reestruturação de um banco sinalizado como problemático. O processo só pode ser travado se, para reequilibrar um banco em dificuldades financeiras, forem necessários fundos públicos e o ministro das Finanças do país em que este está sedeado se opuser a meter dinheiro dos seus contribuintes.

 

A Comissão justifica a proposta de chamar a si a decisão de desencadear uma resolução alegando ter "a experiência necessária na reestruturação bancária" e de, enquanto guardiã dos Tratados, "ser a melhor colocada, entre as instituições da UE, para assegurar que as decisões finais são integralmente respeitadas".

 

Paralelamente, sugere-se a criação de uma nova Agência, com 300 funcionários (Bruxelas alega que não é um número excessivo, afirmando que nos Estados Unidos a instituição homóloga tem 700 funcionários). Ao lado do BCE, esta Agência seria competente pela avaliação os planos de resolução que preventiva e regularmente os bancos passam a ter de apresentar, e seria esta que emitiria os alertas sobre problemas no sector. Essa Agência, dirigida por representantes dos reguladores nacionais, ficaria também encarregue de desenhar o plano de resolução do banco em apuros e acompanhar a sua implementação.

 

Por último, a Comissão Europeia sugere uma efectiva mutualização dos fundos nacionais de resolução, financiados pelos próprios bancos.  A prazo, este fundo europeu de resolução bancária deverá contar com uma dotação da ordem de 70 mil milhões de euros. No caso de Portugal, o fundo de resolução deve chegar ao fim deste ano com 200 milhões de euros e, em 10 anos, deverá ter 2 mil milhões de euros.

 

Só em última instância, a reestruturação de um banco pode fazer apelo a fundos públicos - nacionais e, em derradeiro caso, europeus, através do Mecanismo Europeu de Estabilidade.

 

"Não podemos eliminar o risco de futuras dificuldades no sector bancário, mas com o mecanismo único de resolução e o fundo de resolução devem ser os próprios bancos - e não os contribuintes europeus - a arcar com os custos das perdas no futuro", afirmou o presidente da Comissão, Durão Barroso.

 

De fora ficou a ideia de avançar com a mutualização dos fundos de garantia dos depósitos ( que protege os valores até 100 mil euros), que permanecerão, por ora, na esfera nacional. 

 

Este conjunto de propostas deverá entrar em vigor em 2015. Tentando sossegar a Alemanha, a Comissão Europeia disse hoje ter a garantia de que todas estas propostas podem ser executadas no âmbito dos actuais Tratados.

 

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