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Brexit: Preocupação em proteger o risco aumentou nas últimas semanas, diz Ugo Lancioni

Nas últimas semanas tem havido uma preocupação maior pela procura de protecção ao risco de um Brexit. Ugo Lancioni, gestor de mercado cambial na Neuberger Berman, admite que essas preocupações já deviam ter começado antes.

23 de Junho de 2016 às 07:00
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Se houver um Brexit, diz Ugo Lancioni ao Negócios, não se conhecem bem as consequências. Mas o gestor de mercado cambial na Neuberger Berman afirma que não se trata de um acontecimento como a falência do Lehman Brothers.

 

Dia 24 poderá ser uma sexta-feira negra, como disse George Soros?

Não penso que possa ser. Na altura, as condições eram diferentes.  A libra não está sobrevalorizada como estava então. Será um dia de muita volatilidade, já que é um evento binário, vai haver, nos activos, um salto num sentido ou noutro. E o nosso esforço tem sido tentar perceber que salto será esse e a sua extensão.

 

O que pensa que poderá acontecer?

No curto prazo será mais fácil de prever do que no médio prazo, porque aí vai haver negociações no cenário Brexit. No Remain, pode assumir-se que irá haver um retorno ao normal e que este prémio de risco face ao Brexit será removido.

 

Qual e o prémio de risco?

Penso que deverá ser de 5% na libra. No mercado accionista na Europa será de 10%. A s acções europeias têm estado mais voláteis do que as norte americanas. E nos bunds deverá ser de 10 pontos base. As pessoas têm optado por obrigações alemãs para se protegerem deste cenário de Brexit, tal como ienes e francos suíços. Em caso de Brexit, temos de avaliar se pode ter um efeito dominó noutros países, penso ser Pouco provável no curto prazo, mas no médio pode ser usado como exemplo.

Para nós é gerir portfólios e reações do mercado.

 

Como é que nestes tempos um fundo opera?

Temos tês objectivos. Tentar manter as avaliações fundamentais. Não entrar em pânico. Mas não se pode ignorar este evento e temos de gerir risco. E por isso tentamos minimizar os danos potenciais. Por outro lado, tentamos manter-nos consistentes com as nossas avaliações. Mas inevitavelmente faz-se gestão de risco. Depois do evento as coisas acontecem rapidamente. Tem de se ajustar de forma rápida. O mercado ajustar-se-á instantaneamente, o que não permitirá ajustar muito, porque não há tempo. É o que eu chamo o salto.  Durante o dia estabilizará, embora continuando volátil, porque há transacções planeadas. Pode ser volátil independentemente do que venha a acontecer.

 

É possível comparar este acontecimento a algum outro, por exemplo à queda do Lehman?

A diferença é que o mercado está há muito tempo a preparar-se para este evento. As consequências podem ser significativas, mas não há um choque-surpresa. Os bancos centrais penso que estarão coordenados para lidar com potenciais instabilidades financeiras e providenciarão liquidez para fazer face a isso. O colapso do Lehman foi um choque e teve efeito dominó pela exposição de muitas empresas ao banco. Neste caso, seria expectável que as pessoas estivessem mais preparadas.

 

Que indústrias estão mais expostas?

A indústria financeira sem dúvida. Mas não sabemos o que acontecerá a seguir durante um longo período de tempo, porque o Brexit não será automático.

 

E isso é melhor ou pior?

Penso que é melhor, no sentido de que haverá tempo para o ajustamento. Mas não sabemos o que pode acontecer. Só se fazem suposições.

 

Qual o futuro da City?

Vai perder poder. Algumas companhias possivelmente poderão sair. É outra grande questão. Temos de ver a política orçamental e a regulatória. O intervalo de projecções de impacto de um Brexit para o RU é muito alargado.

 

*Enviada especial do Negócios a Londres 

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