Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Blanchard: UE deve recorrer ao endividamento se precisar de estimular mais a procura

O ex-economista chefe do FMI defende que este "não é o momento de austeridade" e que a União Europeia precisa de mais investimento. Por isso, o endividamento de longo prazo pode ser a solução.

Bloomberg
  • ...

"Esperar pelo verão para decidir" como financiar a necessidade absoluta de investimento – é este o conselho que o economista Olivier Blanchard deixou à União Europeia, na Cimeira da Recuperação, que decorre esta tarde, sob organização da presidência portuguesa do Conselho da UE. O ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional defende que mais do que um grande plano de estímulos, como têm os Estados Unidos, a UE precisa de um plano de contingência, para acionar caso a procura privada seja demasiado curta. E não deve ter medo de recorrer ainda a mais endividamento, sugere.


O economista francês não tem dúvidas de que o pós-pandemia é uma altura de investimento público, "seja em que área for": sejam investimentos verdes, na educação ou em investigação e desenvolvimento. Até porque será preciso abordar as questões do aquecimento global e das desigualdades, defende. A questão não é, por isso, saber se é preciso investir, mas sim qual será a melhor forma de financiar esse investimento.


E isso vai depender da força da recuperação da procura privada. Blanchard explica que os consumidores acumularam muitas poupanças e que será preciso esperar pelo verão para perceber como se vão comportar. Se a procura privada ficar aquém do esperado, Blanchard acredita que a economia deve ser impulsionada através do aumento da procura pública.


Esta procura pública pode ser financiada através do aumento dos impostos (que desaconselha) ou do aumento da dívida contraída a uma longa maturidade, defende. "Os investidores estão bastante confiantes de que as taxas de juro não deverão ultrapassar os 4% ao longo dos próximos 10 anos". Com isso em mente, "a dívida a longo prazo é o caminho a seguir para assegurar a proteção aos encargos da dívida nos próximos oito anos", argumenta. 

 

Só no caso de a procura privada recuperar com força suficiente deverão os Estados equacionar a hipótese de aumentar a carga fiscal. E por isso, a UE tem de lidar com a necessidade de mudar as suas regras orçamentais, adaptando-as ao que for necessário. "Este não é o momento para avançar com austeridade orçamental, por isso os Estados-membros terão de lidar com a necessidade de alterar as regras orçamentais", conclui.

Ver comentários
Saber mais Olivier Blanchard UE economia dívida
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio