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Adiar o Brexit? “Quanto tempo e para quê”, pergunta Barnier
O chefe da equipa europeia para as negociações de saída do Reino Unido da União Europeia não se quis alongar sobre a hipótese de adiar a data do Brexit.
"A questão que se pode colocar é quanto tempo, e para quê. Mas por enquanto a questão ainda não foi colocada" pela primeira-ministra Theresa May, disse Michel Barnier esta quinta-feira, numa audição no parlamento português, em Lisboa. O chefe da equipa europeia para as negociações do Brexit não colocou a hipótese de lado, mas reforçou que não vai ceder a pedidos dos britânicos que coloquem em causa a força da União Europeia.
Ontem, a imprensa internacional dava conta de que os líderes europeus estão a debater a possibilidade de adiar a data do Brexit, caso o Reino Unido apresente o pedido. A decisão tem de ser tomada de forma unânime. Por enquanto, França e Alemanha sinalizaram a disponibilidade para aceitar um eventual pedido. Portugal e Irlanda já disseram abertamente que não se vão opor.
Michel Barnier sublinhou que a razão pela qual os europeus são respeitados "pelos chineses ou pelos americanos é esta" e que por isso a União Europeia não se pode desfazer disso, porque essa é a sua "base".
O negociador europeu argumentou ainda que no mundo atual os países são mais fortes juntos, e lembrou que as previsões apontam para que em 2050 só a Alemanha, como país europeu considerado isoladamente, continuará a fazer parte do G8.
"Estamos prontos a cooperar para encontrar a melhor saída possível, mas não podemos desfazer o que somos quando os britânicos saem", reforçou, exemplificando com o facto de o Reino Unido querer passar a respeitar apenas uma parte das normas que regulam os produtos, colocando em causa os consumidores europeus e a indústria europeia.
Sobre a liberdade de permanência e de circulação, Barnier reconheceu a intenção do Reino Unido de dar direitos aos europeus que já estão em território britânico. Contudo, avisou: "Após o Brexit a situação será muito diferente. Será a nova política de imigração do Reino Unido em relação aos países terceiros. Passaremos a ser tratados como países terceiros."