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Superiate ligado a Putin e apreendido em Itália está a ser renovado
Itália não diz quem é o dono, mas o barco de 700 milhões tem sido ligado aos interesses do presidente da Rússia. Dono, que é alvo de sanções, não só paga salários à tripulação e a manutenção, como está autorizado a fazer obras.
O caso é relatado pelo Financial Times este domingo: o superiate de 700 milhões de euros que está apreendido em Itália e que muitos apontam ter Vladimir Putin como o verdadeiro dono está a ser alvo de recuperação.
Já se passaram 15 meses desde que a Itália apreendeu o Scheherazade, mas superiate parado no porto de Marina di Carrara, na Toscânia, mantém-se perfeitamente mantido e está inclusivamente a ser intervencionado
O iate de 140 metros de comprimento, que tem apenas quatro anos e possui 22 cabines com casas de banho banhadas a ouro, dois decks de helicóptero e um spa, está a ser recuperado pelo grupo Italian Sea Group, cotado ba bolsa de Milão.
A empresa italiana confirmou ao Financial Times que a renovação do navio continuou depois da decisão que ditou o congelamento de bens pelas autoridades italianas e que o dono do iate tem pago pelas obras e pela manutenção, recusando prestar mais informações sobre o proprietários.
A Agência del Demanio, que administra os bens apreendidos no país, confirmou ao jornal britânico ter dado aval, em conjunto junto com o Ministério das Finanças de Itália, em permitir que o proprietário do navio pague pelos "trabalhos de manutenção". Contudo, recusou entrar em mais detalhes porque "as informações sobre os bens congelados são confidenciais ".
A Itália nunca identificou publicamente o proprietário do iate, embora no momento em que foi apreendido tenha dito que havia "evidências de conexões económicas e comerciais significativas com elementos proeminentes do governo russo sujeitos a sanções da União Europeia".
O jornal britância cita fontes em Roma e em Bruxelas que apontam Eduard Khudainatov, ex-presidente-executivo da petrolífera estatal russa Rosneft que foi sancionado pela UE em junho de 2022, como proprietário da embarcação.
Um relatório da Bloomberg do ano passado revelou que as autoridades norte-americanas invocaram em processos judiciais que Khudainatov era testa de ferro de dois iates, incluindo o Scheherazade, em nome de Putin. O Financial Times rastreou a propriedade do barco e ligou-a uma entidade com sede nas Ilhas Marshall chamada Beilor Asset Limited.
Já a equipa de investigadores que trabalha com Alexei Navalny, o ativista da oposição russa que está preso, também alegam que o verdadeiro dono do Scheherazade é o presidente russo, adiantando que vários de seus tripulantes eram membros do Serviço de Proteção Federal, responsável pela segurança de Putin, de acordo com o Financial Times. Na altura em que esta informação foi tornada pública, o Kremlin negou as acusações e a tripulação do iate foi substituída.
Agora, em reposta a uma pergunta colocada pelo Financial Times, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, insistiu "todos os rumores sobre isso são infundados".
Já um porta-voz da Comissão Europeia disse ao jornal britânico que "os Estados-membros são responsáveis ??pela implementação de sanções" e que o congelamento de ativos não afeta a propriedade dos ativos.