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Rússia dá acordo sobre cereais ucranianos como "terminado"

O Kremlin indicou esta segunda-feira que não irá renovar o acordo que permitia à Ucrânia exportar cereais.

O Razoni foi inspecionado em Istambul, seguiu viagem para Tripoli, mas o comprador recusou a carga.
Reuters
17 de Julho de 2023 às 10:42
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A Rússia suspendeu esta segunda-feira o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro a partir de portos ucranianos, que expirava hoje, argumentando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não foram cumpridos.

"O acordo dos cereais está suspenso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante a sua conferência de imprensa diária por telefone.

"Quando a parte do acordo do Mar Negro relacionada à Rússia for cumprida, a Rússia retornará imediatamente à implementação do acordo", afirmou Peskov.

O porta-voz do Kremlin declarou que o ataque a uma ponte que liga a Crimeia ao continente russo não foi um fator para a decisão da suspensão do acordo.

"Não, estes desenvolvimentos não estão ligados", frisou.

"Mesmo antes deste ataque terrorista, o Presidente [da Rússia, Vladimir] Putin tinha declarado a nossa posição" sobre esta questão dos cereais, sublinhou o porta-voz russo.

O acordo inovador que as Nações Unidas e a Turquia negociaram no verão passado permitiu que toneladas de alimentos deixassem a região do Mar Negro, após a Rússia ter invadido a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.

Um acordo separado facilitou a movimentação de alimentos e fertilizantes russos em meio às sanções dos países ocidentais.

A Rússia e a Ucrânia são grandes fornecedores globais de trigo, cevada, óleo de girassol e outros produtos alimentares.

Os russos queixaram-se que as restrições ao transporte marítimo e os seguros prejudicaram as exportações dos seus alimentos e fertilizantes, também essenciais para a cadeia alimentar global.

Analistas e dados de exportação mostram que a Rússia tem exportado quantidades recordes de trigo e que os seus fertilizantes também estão a ser exportados.

O acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro foi renovado por 60 dias em maio, apesar da resistência de Moscovo. A quantidade de alimentos embarcados e o número de navios que partiam da Ucrânia tem caído nos últimos meses. A Rússia está a ser acusada de limitar a utilização de navios adicionais para a exportação de cereais.

Embora os analistas não esperem mais do que um aumento temporário nos preços dos produtos alimentares, porque países como Rússia e Brasil aumentaram as suas exportações de trigo e milho, a insegurança alimentar está a crescer.

A guerra na Ucrânia elevou os preços dos produtos alimentares a recordes no ano passado e contribuiu para uma crise alimentar global também ligada a outros conflitos, aos efeitos prolongados da pandemia da covid-19, secas e outros fatores climáticos.

Os altos custos dos cereais necessários para alimentos básicos em lugares como Egito, Líbano e Nigéria exacerbaram os desafios económicos e ajudaram a empurrar milhões de pessoas para a pobreza ou insegurança alimentar. As pessoas nos países em desenvolvimento estão a gastar mais dinheiro para se conseguirem alimentar.

As nações mais pobres que dependem de alimentos importados com preços em dólares também estão a gastar mais à medida que as suas moedas enfraquecem e são forçadas também a importar mais devido a questões climáticas. Países como Somália, Quénia, Marrocos e Tunísia estão a lutar contra a seca.
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