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OCDE: Economia mundial abranda e preços sobem mais 2,5 pontos com guerra na Ucrânia

O primeiro e principal impacto da guerra da Ucrânia são as vítimas mortais, começa por frisar a OCDE. Mas a invasão vai ter impactos económicos não só no país, mas a nível mundial. Segundo a organização, o PIB mundial deverá crescer menos 1 ponto percentual e os preços devem subir mais 2,5 pontos percentuais do que o previsto no pré-guerra.

Os preços do gás natural ainda têm um forte potencial de subida este ano. A queda dos inventários, o frio e a forte procura são grandes “triggers”.
Osman Orsal/Reuters
17 de Março de 2022 às 10:56
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Com a guerra da Ucrânia e as sanções económicas à Rússia, a economia mundial deve crescer menos 1 ponto percentual e os preços devem disparar mais 2,5 pontos percentuais do que o previsto anteriormente, segundo uma análise da OCDE divulgada hoje.

Numa primeira análise ao impacto económico da guerra da Ucrânia na economia mundial, a organização sediada em Paris começa por sublinhar o primeiro - e principal - impacto de um conflito militar são as vítimas mortais. Mas destaca que a guerra na Ucrânia terá também impactos económicos significativos no país - e a nível global. 

E esse impacto será elevado, apesar do peso relativamente baixo da Rússia e da Ucrânia no PIB mundial, dado que os dois países são grandes produtores e exportadores de bens alimentares, minerais e energéticos chave. "Da guerra já resultaram choques financeiros e económicos significativos, principalmente nos mercados de 'commodities', com os preços dos combustíveis, do gás e trigo a disparar", afirma a OCDE.

Estes movimentos, se se revelarem prolongados no tempo, podem reduzir o crescimento do PIB mundial até 1 ponto percentual no primeiro ano, com uma "recessão profunda na Rússia", e pressionar a subida de preços a nível global em quase 2,5 pontos percentuais", afirma a OCDE.

Em dezembro, a OCDE projetava um crescimento económico de 4,5% a nível mundial em 2022 e de 3,2% em 2023. Com a guerra, o PIB global deve então avançar 3,5% este ano, estima a organização. 

Em relação aos preços, a organização esperava que a inflação crescesse 4,25% a nível global em 2022, descendo para 3% em 2023. Com a guerra na Ucrânia, a inflação pode chegar, em termos globais, aos 6,75%.

No entanto, ressalva a OCDE, o impacto dos choques difere consoante as regiões do globo, com as economias europeias a ser, no seu conjunto, mais afetadas, sobretudo as que têm fronteira com a Rússia ou com a Ucrânia. 

No primeiro ano, a economia da zona euro pode crescer menos 1,4 pontos percentuais e a inflação pode subir mais 2 pontos percentuais do que o previsto no pré-guerra, antecipa a OCDE. "Isto reflete uma maior subida dos preços do gás na Europa e a maior presença da Rússia nos países europeus do que em outras zonas do mundo", explica a organização. 

Como lidar com o impacto?

No entanto, os economistas da organização liderada por Mathias Cormann consideram que medidas de alívio "desenhadas e direcionadas cuidadosamente" podem reduzir o impacto negativo no crescimento, "sem grandes impactos na inflação". Em alguns países, dizem, isso pode ser financiado com os ganhos adicionais de receita fiscal que advêm do aumento dos preços. 

E deixam um recado para os bancos centrais: perante este choque negativo, de magnitude e duração ainda incertas, "
devem continuar com os seus planos pré-guerra". A excepção está das economias mais afetadas - onde uma pausa na direção da política monetária pode ser necessária para lidar com as consequências da crise. 

No curto prazo, aponta a OCDE, muitos governos "vão ter de criar almofadas para lidar  com possíveis subidas de preços mais acentuadas", além de diversificar as suas fontes de energia. No que diz respeito aos bens alimentares, a organização defende menos protecionismo e um apoio multilateral nas redes de destribuição para apoiar os países mais afetados.

(Notícia atualizada às 11:59 com mais informação)

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